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Conversas Praianas: fotógrafo OsMar e seu barco corsário

Seu sobrenome aqui não interessa. Na pia batismal da fé católica, seu pai botou-lhe o nome de Osmar. Faz muitos anos, desde o tempo de uma praia sem a sombra dos espigões de concreto e fachadas envidraçadas, que ele fotografa os pequenos banhistas do mar de BCamboriú. Pano de fundo para suas fotos é a […]

Seu sobrenome aqui não interessa. Na pia batismal da fé católica, seu pai botou-lhe o nome de Osmar. Faz muitos anos, desde o tempo de uma praia sem a sombra dos espigões de concreto e fachadas envidraçadas, que ele fotografa os pequenos banhistas do mar de BCamboriú. Pano de fundo para suas fotos é a imensidão oceânica do Atlântico, o mar com seu horizonte a perder de vista. O mar é imenso, quase sem fim. Mas, cabe numa sílaba do nome do fotógrafo que passarei a chamar de OsMar.

Caminhando sem descanso em meio à multidão de veranistas, sempre puxando um pequeno barco de madeira, OsMar percorre a praia de norte a sul, em busca de pais dispostos a pagar por uma foto de seus filhos pequenos para levar como lembrança da Dubai brasileira. O chamarisco para sensibilizar as crianças é a pequena caravela, com três mastros e meia dúzia de pequenas velas, balançando ao vento. OsMar deu-lhe o nome de Corsário para aguçar ainda mais o interesse da piazada. Afinal, qual a criança que não quer ser fotografada num barco pirata, mesmo que seja de mentira?

O fotógrafo faz parte daquela geração de profissionais que, todos os anos letivos, visitavam as escolas. Não para estudar, mas para tirar uma foto de cada aluno sentado, fazendo pose de estar lendo um livro aberto sobre a mesa, ao lado, um pequeno globo terrestre. Atrás, o quadro negro e as bandeiras brasileira e de Santa Catarina. Ainda tenho a foto do meu tempo no ginásio, em Floripa. A compra, dizia a professora, não era obrigatória. Mesmo assim, poucos pais deixavam de arranjar o dinheiro para comprar a foto e fazer a vontade de seus filhos.

Os tempos mudaram. No entanto, crianças em férias continuam sendo retratadas por OsMar. É claro que não de uniforme escolar, mas de calção ou maiô, dentro de uma pequena caravela para viver o sonho infantil de ser uma vez na vida pirata. Foto tirada, metade do preço pago, local combinado, a foto colorida será entregue num encarte de cartolina. Na capa, a inscrição: “Barco Corsário. Lembrança da Praia de Balneário Camboriú”.

Hoje, celular nas mãos, somos todos fotógrafos. Então, perguntei-lhe se ainda vale a pena percorrer a praia debaixo do sol de verão para fotografar crianças, que também vivem de celular nas mãos. Disse-me que já não é mais como nos tempos áureos, quando andava pouco e fotografava bastante, quando fotografou veranistas vindos dos Estados Unidos, da Europa e de muitos países da América Latina, los hermanos argentinos sempre na frente. Até a imagem de um ou outro chinês ou japonês, em algum momento, foi captada pela lente da Cannon de OsMar.

Conformado com esse novo tempo de vacas magras, disse-me que dá para ganhar algum dinheiro. Afinal, a pequena escuna ainda desperta a curiosidade da garotada, principalmente, dos guris querendo posar de pirata e levar para casa uma lembrança da pequena caravela.