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Conversas praianas – reveillon tumultuado

Por ser a mais velha, Maria Francesca é sempre a primeira a falar e todas as veranistas chapecoenses a escutam com atenção. Dessa vez, precisava contar para as amigas de temporada sobre o final de ano em seu apartamento, em Balneário Camboriú. Para o reveillon, estava toda a família, duas filhas, uma separada e outra […]

Por ser a mais velha, Maria Francesca é sempre a primeira a falar e todas as veranistas chapecoenses a escutam com atenção. Dessa vez, precisava contar para as amigas de temporada sobre o final de ano em seu apartamento, em Balneário Camboriú. Para o reveillon, estava toda a família, duas filhas, uma separada e outra casada com um agrônomo, o seu genro preferido. Estava, também, Daniel, o único filho, veterinário e dono de um movimentado PetShop, em Chapecó. Divorciado, tinha trazido sua nova namorada, advogada, 15 anos mais nova que ele, para conhecer a família e curtir alguns dias de praia.

Então, Francesca começou a contar sobre a festa do primeiro do ano:

– Logo, percebi que, se a primeira mulher tinha sido um problema, essa nova escolha não era das melhores para o meu Daniel. Eu sempre tive cisma com advogado. De cara, não me simpatizei com essa moça. Fala como se estivesse num tribunal, sempre discutindo e contestando.

– Pois não é que, pelas três horas da madrugada, depois daquela beleza dos fogos do réveillon, quando eu estava dormindo, acordei com o barulho de uma discussão em voz alta? Era meu filho gritando, pedindo para a namorada não ir embora. Abri a porta do quarto, mas não deixei meu marido sair para não se incomodar. Fica depressivo cada vez que vê uma desavença da família.

– A namorada estava virada num demônio. Durante a ceia do réveillon, entusiasmada, só falava da viagem que o meu filho comprara para Miami, com avião, hotel e passeios, tudo já pago. Agora, estava virada num demônio. Já na sala, com a mala na mão, gritava que ia voltar para Chapecó. O pior é que já havia chamado um taxi para levá-la à rodoviária. Não adiantou dizer que, àquela hora, não tinha ônibus para o Oeste catarinense.

– Cortou-me o coração de mãe, ver meu filho Daniel desesperado, quase chorando, implorando para a megera ficar. Cheguei a pensar que poderia fazer uma besteira contra a namorada. Mas, vocês sabem como é hoje. Com a Lei Maria da Penha, os homens têm mesmo é que chorar. Ai daquele que levantar a mão contra uma mulher. Chamei a minha filha que é separada para ajudar a acalmar os ânimos. De nada adiantou. A malvada entrou no elevador com meu filho agarrado na mala.

– Na calçada, foi uma vergonha. Eu de camisola, a pedir que os dois se acertassem. Mesmo assim, a advogada do diabo se mandou. Meu filho embarcou também no taxi, esperando que ela se arrependesse daquela loucura. Voltou só, desconsolado e já de manhã. A danada tinha se mandado de volta para Chapecó. A viagem para Miami foi cancelada e meu filho arcou com o prejuízo. Ficou conosco mais alguns dias, mas não quis nos contar o motivo da briga.

– Para nós, o novo ano começou mal, madrugando pesado incômodo para a família. Logo depois do estouro dos fogos, já enfrentamos tempestade da braba