João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Copa do Mundo 2022: derrota e bife de ouro

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Copa do Mundo 2022: derrota e bife de ouro

João José Leal

Na última sexta-feira, pela TV ou com os meus próprios olhos, vi multidões de brasileiros, de norte a sul do país, fardados com a camiseta amarelo-canarinho para assistir e festejar mais uma vitória do Brasil. Poucos acreditavam, mas acabou acontecendo. Com os melhores craques do futebol mundial, pagos a peso de milhões de euros pelos grandes times europeus, alguns alimentados a bife de ouro, nossa seleção foi derrotada pela Croácia.

Penso que o Brasil jogou melhor, chutou muito mais contra o gol adversário, mas no final da prorrogação cedeu o empate para o time adversário. Como dizia o técnico tijucano, quando o Carlos Renaux ou o Paysandu jogavam contra o Tiradentes, “dominamos o jogo o tempo inteiro, infelizmente fomos derrotados”. Às vezes era uma derrota por goleada, mas a duvidosa explicação servia de consolo para os torcedores engolirem o sabor amargo do fracasso do time da casa.

No caso do último jogo da seleção, é preciso reconhecer que a nossa derrota aconteceu na disputa por penalidades máximas, quando tivemos o azar de encontrar pela frente Dominik Livakovic, o melhor goleiro da Copa. Fez milagrosas defesas durante os 120 minutos de bola rolando e ainda defendeu pênalti do novato e inexperiente Rodrigo. Penso que não é exagero dizer que Dominik jogou por toda a sua equipe. Além disso, tivemos um fatídico poste da trave adversária a barrar o nosso caminho para a vitória.

Então, em vez da alegria, das danças saltitantes e da corrida triunfal para saudar a torcida, a tristeza geral, o choro dos jogadores prostrados sobre o gramado pela ácida derrota. E a fuga, para muitos, covarde, do técnico Tite que preferiu se esconder no vestiário e abandonar os seus comandados no momento em que precisavam de um ombro firme para verter as lágrimas do fracasso.

Saí caminhando pela avenida Atlântica, de Balneário Camboriú. Nos bares e restaurantes equipados com telões e decorados para a festa da vitória, a decepção tomava conta do ambiente. A fiel torcida dourada ainda ali permanecia, o grito de Brasiiiiiiillllll entalado na garganta desses apaixonados pelo futebol, que vibram e enlouquecem a cada vitória brasileira e que sofrem a cada derrota de partida decisiva, como se estivéssemos perdendo uma guerra para uma nação inimiga.

Continuei minha caminhada e lembrei que o técnico Tite recebia um salário mensal de quase dois milhões de reais. E, também, que quatro jogadores brasileiros acompanhados do Ronaldo Fenômeno, deixaram a concentração para saborear bifes folheados a ouro, tomar vinhos e drinks sofisticados, num dos mais luxuosos restaurantes do Catar. Os demais, também, não devem passar a vida a pão e água.

Então, pensei que não vale a pena ser um aficionado pelo futebol, nem sofrer ou chorar pelas derrotas da nossa seleção.

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