Copa do Mundo 2022 e a festa da gastança
Somos o país do futebol, nossa paixão nacional e, nestes últimos dias, a Copa do Mundo tem sido o assunto do momento. Como sempre, dado o pontapé inicial dos jogos, grande parte dos brasileiros vestiu a camisa canarinho e passou a gritar o nome do Brasil nas partidas já disputadas. E não são apenas os […]
Somos o país do futebol, nossa paixão nacional e, nestes últimos dias, a Copa do Mundo tem sido o assunto do momento. Como sempre, dado o pontapé inicial dos jogos, grande parte dos brasileiros vestiu a camisa canarinho e passou a gritar o nome do Brasil nas partidas já disputadas. E não são apenas os bolsonaristas. Em matéria de futebol, todos ou quase todos os brasileiros são torcedores sem distinção de classe ou de raça, de credo religioso ou político. Assim, parece que os ânimos estão se acalmando.
Torcedor desapaixonado, muitas copas do mundo eu vivi. Ainda guri, ouvi pelo rádio do armazém de meu pai, em Tijucas, a narração da histórica final entre Brasil e Uruguai. Tempo sem TV e de rádio para poucos, a casa comercial estava lotada. Em pé, os fregueses espremiam-se próximos ao balcão, para ouvir os locutores da Rádio Nacional, Antônio Cordeiro e Jorge Curi.
Entusiasmado com a cena presenciada num Maracanã lotado com mais de 170 mil torcedores, Antônio Cordeiro informou na sua voz candente que o hino nacional acabara de ser cantado por uma multidão. Graças à magia das ondas radiofônicas, os acordes do hino ecoaram pelos quatro cantos do país. Extasiado, o locutor dizia estar presenciando um magnífico espetáculo de civismo. Tudo indicava que a vitória seria nossa e a festa tomaria conta do país.
O futebol mudou muito, mas a paixão sempre foi a mesma. Lembro ainda do grito uníssono de Brasiiiiiiilllll ecoando entre as paredes de madeira da velha construção, pelo gol marcado por Friaça. Logo, a angústia e a tensão desapareceram. O delírio tomou conta daqueles corações cheios de patriotismo de gente humilde, pobres fregueses que compravam fiado para pagar no fim do mês com os escassos tostões ganhos no trabalho mal pago.
Alegria nem sempre dura muito. O Uruguai logo empatou a partida e os brasileiros voltaram a sofrer a angustiante espera pelo desempate. Afinal, o Brasil tinha vencido de goleada os adversários anteriores. Veio o segundo tempo e o pequeno Uruguai, a então Suíça latino-americana, mostrou porque tinha sido o primeiro campeão do mundo.
O gol de Giggia acabou com a alegria e enterrou o sonho brasileiro de colocar a mão na Taça Jules Rimet, pela primeira vez. A tristeza tomou conta da nação brasileira. Choro e lágrimas escorreram pelas faces dos apaixonados torcedores, muitos deles acostumados.
Ontem, o Brasil jogou e, de goleada, passou para a fase seguinte, cotado como favorito para ganhar a Copa. Se isso acontecer, vai ser um delírio nacional. A festa vai emendar com o Natal, depois com as festas de fim de ano e com as férias de janeiro até o carnaval.
Só na quarta-feira de cinzas é que os brasileiros irão se dar conta de que estaremos diante de um novo governo. Então, Brasil hexacampeão ou não, o governo petista já estará promovendo um leviano e desastroso festival de gastos sem compromisso com a lei de responsabilidade fiscal nem com o equilíbrio das contas públicas.