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Covid-19: não há mal que nunca se acabe

O ditado popular acima tem sido repetido pela filosofia de boteco, em meio a goles de cachaça por bêbados de copo na mão, sem qualquer preocupação com a saúde pessoal, muito menos com a saúde pública. Mas, todos nós também, de copo na mão ou sem bebida alcóolica, temos muitas vezes proferido esse provérbio diante […]

O ditado popular acima tem sido repetido pela filosofia de boteco, em meio a goles de cachaça por bêbados de copo na mão, sem qualquer preocupação com a saúde pessoal, muito menos com a saúde pública. Mas, todos nós também, de copo na mão ou sem bebida alcóolica, temos muitas vezes proferido esse provérbio diante da Covid-19 que, durante os dois últimos anos, já levou desta vida mais de 640 mil vidas e contagiou milhões de brasileiros.

A verdade é que, durante todo esse tempo de trevas trazido pela tragédia sanitária que vem ceifando a saúde de uma coletividade em pânico, temos nos lembrado com frequência dessa máxima popular, que tem confortado a humanidade diante de calamidades e infortúnios. Tragédias, parece que nunca deixarão de golpear o ser humano. E essa máxima popular nos faz ter fé e acreditar que o mal vai acabar, que melhores dias virão, sim, porque a humanidade está predestinada a continuar a sua interminável caminhada em busca do bem-estar social ou, como sonharam os antigos, do paraíso perdido.

E assim, durante esses dois anos de isolamento, de máscara na cara para esconder o medo, cada um a seu modo não deixou de confiar na verdade proverbial para não perder a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, a epidemia e o medo irão embora e a saúde retornará para nos trazer a paz e aquele abraço fraterno de parentes e amigos.

Uns, porque gente de fé, suplicaram para que o bom Deus atendesse as suas preces e nos livrasse do mal que assusta e que mudou nosso modo de vida. Outros, porque nem todos são homens de fé, torceram para que a ciência, com as suas drogas e vacinas, erradicasse essa tragédia sanitária do Brasil. Outros, ainda, crédulos das cabalas e magias esotéricas, jogaram seus búzios e cartas de tarô, implorando aos orixás, aos arcanos maiores ou a um ser misterioso qualquer para que levassem consigo o sinistro coronavírus, esse implacável portador de doença e morte.

Cada um com a sua crença, nenhum de nós penso eu, perdeu a esperança sempre renovada, diante do vaivém covidiano. Com suas tréguas enganosas, é verdade, muitas vezes nos iludiu, sinalizando estar se despedindo, para logo retornar com suas insanas investidas e espalhar doença e morte. No final do ano passado, quando parecia que o preço em sofrimento, doença e morte havia sido pago por todos nós, com multa e juros elevados, eis que o impiedoso vírus voltou em janeiro sob a pele de uma nova cepa ainda mais contagiosa e a pandemia se intensificou de forma alarmante.

Pode ser mais um falso sinal covidiano. No entanto, estudiosos estão admitindo e a imprensa em geral vem informando que a pandemia está arrefecendo. Tudo indica que o mal vai acabar porque, como diz o ditado popular, se não há bem que sempre dure também não há mal que nunca se acabe!