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Covid-19: onde estão os mascarados de ontem?

Tinha eu esperança de que, a exemplo de sua centenária prima, a gripe espanhola, depois de uns dois ou três meses de doença e morte, a Covid-19 nos deixasse de atormentar. Nosso Estado vinha se comportando como exemplo de combate à epidemia. Quando outros Estados ferviam de febre e a morte espalhava o pânico, nossa […]

Tinha eu esperança de que, a exemplo de sua centenária prima, a gripe espanhola, depois de uns dois ou três meses de doença e morte, a Covid-19 nos deixasse de atormentar. Nosso Estado vinha se comportando como exemplo de combate à epidemia. Quando outros Estados ferviam de febre e a morte espalhava o pânico, nossa abençoada Santa Catarina foi referência nacional. Agora, passados oito meses de isolamento social, somos um dos poucos Estados onde os casos de contágio estão se intensificando.

A epidemia está se tornando um vai-e-vem de doença e morte. Isso assusta. As pessoas parecem cansadas de se esconder do maldito vírus. Talvez, porisso, estejam a resistir ao chamado da lei e da ciência para usar máscara e evitar aglomerações desnecessárias. Na verdade, as pessoas se sentem como se já tivessem feito o suficiente, em termos de afastamento social. Agora, principalmente os mais jovens, acham que não tem outro jeito senão o de enfrentar de peito aberto o coronavírus.

Nos últimos feriadões, Balneário Camboriú parecia em plena temporada de férias. Gente vinda de muitos cantos deste país, caminhava pela praia aos bandos. Outros tantos formavam tribos de família ou de amigos, para se sentar ao redor de uma caixa térmica recheada de bebidas alcóolicas. E também de refrigerantes, porque as crianças merecem. Quase todos, sentados ou caminhando, ignoravam o uso de uma máscara protetora da boca e das narinas. Talvez, imaginando que indumentária de praia é só biquíni e calção.

É verdade que, ao ar livre e com o vento soprando do oceano, o risco de contágio pode ser reduzido. Mas, o perigo não deixa de existir. E, se algum desses veranistas estiver contagiado, o vírus vai ser espalhado pelas ruas da cidade, durante a indispensável caminhada de ida e volta à praia.

Em nossa cidade que já foi da fiação e dos tecidos e, agora, é da confecção, vi a Praça do Maluche lotada nos últimos domingos. Muitas famílias, muitas crianças, é claro, e muito poucas máscaras.

Não sei se elas sabem disso. Mas, com esse novo comportamento, as pessoas que caminham pelas ruas e frequentam espaços públicos sem o uso de máscara, estão praticando a chamada imunidade de rebanho. Segundo esta receita, à custa de uma grande onda de contágio, a epidemia pode arrefecer e nos deixar em paz. Seria muito bom que isso viesse a acontecer. No entanto a ciência médica, embora desorientada com o poder letal do misterioso coronavírus, não chancela essa forma de enfrentar a epidemia. Diz que o risco é grande e o preço a pagar em vidas poderá ser enorme. Quem saberá?

Penso que, com máscara ou sem máscara, vamos ter que conviver com o tenebroso coronavírus e sua ameaça de febre, asfixia e morte até que uma salvadora vacina, seja ela inglesa, americana, chinesa, brasileira ou universal apareça para erradicar essa terrível pandemia, que vem causando um tremendo pandemônio na área da saúde pública, da economia e da política, nesse nosso mundo global. Afinal, vacina não tem fronteira nem bandeira.