Covid-19: um ano depois
A pandemia completou um ano. Durante esse tempo, a Covid-19 realizou uma assustadora viagem fúnebre por este país continental. Seu mensageiro das trevas, o coronavírus – isso não pode ser esquecido – já infectou perto de 12 milhões e causou a morte de mais de 280 mil brasileiros, neste país que o ufanismo do cancioneiro […]
A pandemia completou um ano. Durante esse tempo, a Covid-19 realizou uma assustadora viagem fúnebre por este país continental. Seu mensageiro das trevas, o coronavírus – isso não pode ser esquecido – já infectou perto de 12 milhões e causou a morte de mais de 280 mil brasileiros, neste país que o ufanismo do cancioneiro popular, um dia, alcunhou de “abençoado por Deus”.
Ora no Norte do país, para desenhar macabras cenas de covas a céu aberto, horrendas e escancaradas bocas à espera da vítima da virulência covidiana, ora no Sudeste e, também aqui, no Sul, esse agente do mal infectou multidões para nos mostrar que desconhece distâncias, frio, calor e que não faz distinção entre nortistas e sulistas. Todos somos possíveis e frágeis vítimas da sanha implacável desse vírus.
Números são números, dizem alguns. Acham que médicos cientistas estão exagerando e que a imprensa, principalmente, o pessoal da Globo, adora noticiar desgraça coletiva. Outros, dizem que a pandemia não é assim tão grave porque a maioria dos mortos é de idosos portadores de outras doenças e tudo é debitado na conta mortuária da Covid-19.
Passado uma ano, infelizmente, a pandemia recrudesceu com implacável furor mórbido. Penso que a atividade econômica não pode parar por completo. As pessoas precisam trabalhar, sim. Afinal, todos precisam comer, que significa viver. Assim, cabe ao Poder Executivo estabelecer, com prudência e responsabilidade, as restrições indispensáveis ao funcionamento do comércio e indústria, a fim de evitar que a epidemia alcance números ainda mais assustadores.
Como o processo de imunização está muito lento, os que puderem, devem permanecer em casa e quando chegar a vez, vacina, sim! O que não deve acontecer são ruas congestionadas e aglomerações desnecessárias, mesmo aquelas realizadas no interior de residências, pois o vírus pode pegar carona na garganta ou no nariz de um convidado. Lamentavelmente, o presidente Bolsonaro tem se conduzido de forma irresponsável e bastante reprovável.
Negacionista, não usa máscara em locais públicos, não quer se vacinar nem acredita na eficácia da vacina. E, que é o mais grave, tem se omitido no seu dever presidencial de coordenar, em nível nacional, um Plano Nacional de combate à pandemia.
Ativista dos equívocos, tem interferido constantemente nas ações do Ministério da Saúde e receitado remédios como se fosse o próprio ministro. Não é à toa que já temos um novo ministro da Saúde que, para alguns opositores, será o quarto Poste da Saúde do governo Bolsonaro.
Não se sabe por quanto tempo a Covid continuará a sua fúnebre viagem por este país continental. O que se sabe é que, na sua tenebrosa bagagem, sempre viajará o terrível coronavírus, agora, travestido de novas cepas para causar mais doença, morte e tristeza.