Cyro Gevaerd
Há pessoas que, pela ousadia de suas ideias e pelo arrojo de suas ações, se destacam como líderes políticos de uma comunidade. É o caso de Cyro Gevaerd. Quando cheguei a Brusque, no começo dos anos de 1970, conheci esse ilustre personagem da vida brusquense como o tabelião da cidade. Estava licenciado para exercer uma das diretorias do Banco do Estado de Santa Catarina. Além do tabelionato, exerceu diversas outras atividades, em Brusque ou na capital do Estado. Mas, nunca transferiu sua residência da cidade em que nasceu e da qual foi prefeito.
Em 1960, Cyro e Ayres Gevaerd foram os principais responsáveis pela notável organização da grande festa do centenário desta cidade fundada pelo Barão de Schneéburg. Liderando diversos grupos de trabalho, organizaram um extenso programa de eventos, exposições e inaugurações que, seguramente, marcaram a história de Brusque.
Ao final da grandiosa festa centenária, registrada pela imprensa, por fotos e filmes, penso que Cyro Gevaerd despontou como o candidato natural para concorrer à eleição de chefe do poder executivo municipal. Pelos relatos que ouvi, foi um prefeito dinâmico, arrojado e moderno, conduzindo Brusque a ocupar um lugar de destaque no cenário econômico e político de Santa Catarina. Penso que o fato de ter sido eleito para dirigir os destinos desta cidade é um indicador inquestionável da forte liderança que exerceu na política brusquense.
Lembro, também, de sua atividade como jornalista. Sua prestigiada coluna semanal, “Brusque em 10 Minutos”, publicada neste jornal, abordava os principais fatos e assuntos da vida cotidiana brusquense. Naquelas notas bem redigidas e objetivas, ficaram regitrados os seus comentários sobre o cotidiano da vida brusquense, suas críticas construtivas e propostas para a solução de alguns problemas da nossa comunidade.
Homem dos sete instrumentos, Cyro foi radialista (digiriu a Rádio Araguaia) e um dos principais responsáveis pela fundação da Citur e do Zoobotânico de Brusque. Além disso, foi também um exímio mestre da gastronomia, num tempo em que a cozinha era o espaço reservado às mulheres. Sabia cozinhar como poucos. Os almoços e jantares oferecidos em sua chácara Fala-Fala, no bairro de Bateias, ficaram conhecidos nos corredores das casas de governo, dos ministérios e secretarias de estado.
Pelo que sei e me foi informado, algumas importantes reivindicações da comunidade brusquense, apresentadas ao governo estadual e federal, foram atendidas em meio aos discursos proferidos em almoços oferecidos na Fala-Fala. Após terem saboreado um excelente faisão ou ou marreco preparado pelas habilidosas mãos do cozinheiro Cyro Gevaerd, autoridades estaduais e federais dificilmente deixavam de atender às justas reivindicações da comunidade brusquense.
Lembrei de escrever esta crônica porque, no dia de amanhã, Cyro Gevaerd estaria completando 91 anos. Mas, a morte veio buscá-lo, ainda cedo, no dia 17 de Março de 1996. Transcorridos 24 anos do seu falecimento, fica aqui a minha homenagem a um ilustre brusquense que muito fez por esta cidade.