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Enfim, temos vacina

Mais de 50 países já tinham começado intensas campanhas de vacinação e nós – assistindo ao duelo de política barata Bolsonaro x Dória – ainda estávamos à espera de uma vacina para combater a Covid com a necessária eficácia científica. No entanto, “mais vale tarde do nunca”, diz o ditado popular. No último domingo, a […]

Mais de 50 países já tinham começado intensas campanhas de vacinação e nós – assistindo ao duelo de política barata Bolsonaro x Dória – ainda estávamos à espera de uma vacina para combater a Covid com a necessária eficácia científica. No entanto, “mais vale tarde do nunca”, diz o ditado popular.

No último domingo, a Anvisa deu uma demonstração de compromisso com a saúde do povo. Diante do grave quadro pandêmico em que se encontra o nosso país, com a Covid contagiando e causando a morte de milhares de brasileiros, a Agência aprovou por unanimidade a validade das vacinas de Oxford e a Coronavac.

A Anvisa reuniu-se num domingo, talvez, para mostrar serviço. Armou um cenário midiático, talvez, para impressionar. Durante mais de quatro horas, desfiou um rosário de indagações, dúvidas, gráficos, estatísticas e respostas reticentes para, enfim, dizer que, de forma emergencial, as duas vacinas podem ser aplicadas no braço ou na nádega dos brasileiros.

Com a aprovação dos imunizantes, a Anvisa sem dúvida mostrou eficiência e cumpriu a sua função. Mas, se o Brasil, com as suas universidades, os seus institutos, as suas fundações e os seus pesquisadores, não teve capacidade científica para produzir um imunizante contra a Covid, poderia a Anvisa proibir o uso de vacinas que já foram aplicadas em mais de 50 milhões de pessoas, com eficácia comprovada?

Certamente, seria uma decisão impensável. No mínimo, bastante discutível, diante do grave quadro epidêmico e assustador em que se encontra o nosso país. Depois de um ano de pandemia, mais de 210 mil mortes e alguns milhões de brasileiros infectados, está comprovado que só a vacina poderá evitar que a doença se propague ainda mais e que o caos se espalhe por toda a sociedade brasileira. Agora, temos vacina, embora em quantidade ainda insuficiente. As que chegaram a Brusque não são suficientes para vacinar o pessoal da saúde, que em prioridade máxima.

Infelizmente, desde o começo, o presidente Bolsonaro tem se omitido no seu dever político e administrativo de combater a pandemia. Sem máscara, tem se comportado de forma irresponsável ao sair às ruas, às praças, ao ingressar em bares e lanchonetes para se reunir e apertar as mãos de apoiadores. Por diversas vezes, manifestou-se contra a vacina, quando deveria dar o exemplo e ser o primeiro a estender o seu patriótico braço para receber o imunizante.

Por falta de planejamento, a campanha nacional de vacinação começou esta semana de forma improvisada. Os resultados positivos ainda irão demorar para serem colhidos. Mas, uma conclusão parece-me evidente. O presidente Bolsonaro é o grande perdedor nessa inglória batalha contra a pandemia. Ironizou e subestimou a validade científica da Coronavac, chamando-a pejorativamente de chinesa. Mas, é ela, neste primeiro momento do processo de imunização, a única disponível para enfrentar a Covid e, esperamos nós!, para salvar a vida de milhares de brasileiros.

E, na arena da disputa política, Bolsonaro também perdeu. Num cenário de explícita demagogia, o governador Dória saiu na frente e vacinou a primeira brasileira contra a Covid-19.