Inauguração do primeiro paço municipal
Numa edição especial, a Gazeta Brusquense registra que, naquele domingo, 29 de julho de 1917, a cidade estava em festa e a população entusiasmada para o ato de inauguração do “majestoso edifício” do Paço Municipal. Enfim, o Município teria a sua primeira sede própria construída no curto prazo de um ano, num terreno em frente […]
Numa edição especial, a Gazeta Brusquense registra que, naquele domingo, 29 de julho de 1917, a cidade estava em festa e a população entusiasmada para o ato de inauguração do “majestoso edifício” do Paço Municipal. Enfim, o Município teria a sua primeira sede própria construída no curto prazo de um ano, num terreno em frente à principal praça da cidade. Naquele mesmo dia, a primeira escola estadual, hoje, Colégio Feliciano Pires, também seria inaugurada. Daí o entusiasmo dos brusquenses.
Autoridades estaduais do alto escalão e muitas pessoas ilustres, já no sábado, haviam chegado para o grandioso acontecimento. Lotado o hotel da cidade, “uma cama sequer havia sobrado”, o recurso foi alojar convidados da capital e outras cidades em casas das famílias brusquenses. Narra a reportagem que “numerosos automóveis”, coisa rara naquela época, cruzavam as ruas da cidade sob o olhar curioso da população. Como as ruas ainda não eram pavimentadas, imagino a curiosidade dos brusquenses ofuscada pela poeira dos veículos em disparada.
Escreveu a Gazeta que, na hora marcada, 15 horas “uma multidão nunca vista fluctuou pela cidade, reunindo-se em frente do novo Paço Municipal”, para o ato solene inaugural. Então, como manda o cerimonial, todos perfilados e em silêncio ali estavam para testemunhas as homenagens de praxe, ouvir os discursos de boas-vindas e agradecimentos, tudo acompanhado pelos afinados acordes musicais da Banda Concórdia.
Coube a Carlos Renaux, então presidente do Conselho Municipal e grande responsável da construção do Paço Municipal, proferir o discurso oficial antes do momento solene do corte da fita inaugural. Como mandam os bons costumes, agradecimentos e elogios às autoridades presentes não devem ter faltado, na longa fala do orador oficial. Ao final, prestando contas das despesas, Carlos Renaux se dirigiu ao chefe do executivo municipal, Vicente Schaefer.
Certamente emocionado pela solenidade do ato público, disse o orador que estava entregando o Paço Municipal nas mãos do Superintendente, certo de que este saberia preservá-lo “como a joia mais preciosa do nosso Município”. Realmente, o prédio tinha um belo desenho arquitetônico. A sua fachada ostentava uma porta central na parte térrea e uma fileira de janelas envidraçadas, simetricamente desenhadas, nos dois pisos. Fotos da época mostram a imponente construção no alto de uma escadaria, a contemplar, altaneiro, a praça do fundador da cidade.
Por alguns anos, Carlos Renaux foi atendido no seu pedido preservacionista. Infelizmente, o “prédio-joia”, chamado de “majestoso” e outros adjetivos, cuja inauguração constituiu um fato histórico, não resistiu à cultura do descarte do que é velho. E o prédio, que integrava o patrimônio histórico da cidade, foi demolido nos anos de 1960. No seu lugar, construíram a segunda sede do governo municipal, que ali permaneceu pouco mais de 20 anos.
Hoje, a prefeitura está em frente à outra praça. Do primeiro e histórico prédio, restam apenas fotos antigas e, talvez, a saudade dos mais velhos.