Novela Pantanal, a vida é uma beleza!
Assisti ao capítulo final da novela Pantanal, um sucesso de público. Sempre é bom saber o que se passa na tela global. Como sempre, um produto tecnicamente perfeito sobre a vida e os costumes da gente pantaneira, coronéis, peões e empregados, interpretados por artistas bonitos, bem-vestidos e educados, porque a magia global conseguiu emprestar um charme todo especial à estampa do sofrido e maltratado peão das fazendas da região pantaneira.
Sem dúvida, foi uma bela e merecida homenagem, um hino de reverência ao patrimônio ecológico e paisagístico do Pantanal, que deve ser preservado e admirado por todos nós.
No entanto, a história de uma novela não é a mesma da vida real. Esta já vem escrita, traçada em seus meandros de altos e baixos, vitórias e derrotas, momentos de alegria e de tristeza, que cada um de nós precisa enfrentar. E nem sempre somos capazes de encontrar o caminho certo do sucesso e da felicidade pessoal. Na novela, é diferente porque o autor tem liberdade para escolher se a sua criatura vai ser bonita ou feia; boa, amiga e companheira ou má, falsa e traiçoeira; heroína e vitoriosa ou se vilã, covarde e fracassada.
E o autor carregou nas tintas do otimismo, na crença de que a vida de todos nós, até dos sofridos, humilhados e oprimidos, é uma beleza. Caprichou num final feliz, de botar no bolso qualquer final de filme americano. No final, tudo acabou num mar de rosas, numa festa de pura alegria e felicidade que enterrou para sempre problemas, egoísmos, conflitos, incertezas e maldades. Até assassinatos foram sepultados porque não se podia manchar de sangue as bodas de três casamentos simultâneos de pais, filho e peão.
Foi um festival de pura felicidade. Por anos tratada como empregada doméstica, a amante, enfim, casa-se com o coronel que, então, percebeu que não é preciso ir longe para encontrar o grande amor da sua vida. O filho adotivo criado como peão, por anos vivendo a dúvida da paternidade de sangue, transforma-se no filho do amor e também se casa cheio de felicidade. O outro, qual filho pródigo bíblico chegado ao lar depois de muitos anos, tem o seu futuro de líder político garantido para lutar pela causa pantaneira.
Não foi um final feliz só para família do coronel. O peão que matou o mau coronel engolido pela misteriosa sucuri, também encontra a felicidade ao lado da viúva, enfim livre do marido verdugo. Não parou por aí o rosário de felicidade e harmonia para sempre porque na festa também estavam os filhos do coronel assassinado, conformados e até aliviados, com a ideia de que o pai, enfim, havia colhido a morte da sua perversa semeadura.
Depois da novela, as autoridades mato-grossenses que se preparem. É possível que a gente do garimpo, sedenta de ouro e de um lugar ao sol, mude a rota migratória e se mande para o Pantanal, em busca da sela prateada.