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Ontem, datilógrafo. Hoje, digitador!

Desde que Gutemberg inventou a prensa com tipos móveis de metal, há mais de 500 anos e livros foram editados aos milhares, muitas invenções, muitas geringonças também foram apresentadas para substituir a escrita manual, por uma máquina que escrevesse mais rápido. Até um padre brasileiro apresentou, na Feira Agrícola do Recife, em 1861, uma máquina […]

Desde que Gutemberg inventou a prensa com tipos móveis de metal, há mais de 500 anos e livros foram editados aos milhares, muitas invenções, muitas geringonças também foram apresentadas para substituir a escrita manual, por uma máquina que escrevesse mais rápido. Até um padre brasileiro apresentou, na Feira Agrícola do Recife, em 1861, uma máquina de escrever feita em madeira, movida a pedais e que mais parecia um piano. Ganhou medalha de ouro, entregue por Dom Pedro II, mas o invento não sobreviveu àquela exposição.

Na verdade, a máquina de escrever que conhecemos até pouco tempo e que revolucionou a escrita em documentos e papeis, foi inventada pelo norte-americano Christopher Latham Sholes, em 1873. Então, uma quase falida fabricante de armas, a Remington, passou a produzi-la em escala comercial e a máquina de escrever passou a reinar em cima das escrivaninhas dos escritórios de qualquer empresa pública ou privada.

A partir daí, papéis e documentos deixaram de ser escritos à mão, os bicos de pena, as canetas e os mata-borrões foram sendo aposentados. A boa caligrafia passou a ser exorcizada. Boa letra, que exige disciplina e treino, pra quê? se tudo ou quase tudo podia ser escrito por uma máquina, de forma muito mais rápida e numa letra impecável?

Naquele reino do taque-taque, o bom datilógrafo, aquele que conseguia escrever 100 ou mais palavras por minuto, se tornou um profissional valorizado no mercado de trabalho. Desde, é claro, que disposto a passar horas, dias, semanas, anos, enfim, a vida inteira em frente à sua majestade de tipos e teclas, e uma estreita fita rubro-negra, que deixava as suas cores impressas no branco papel.

Surgiram as escolas de datilografia para capacitar jovens, porque trabalhar em escritório, só com diploma e teste de mestre no manejo das teclas que imprimiam documentos, formulários e o papelório em geral.

O reino da máquina de escrever não durou mais de 100 anos. A partir do final do século passado, o computador chegou para transformá-la em sucata. Algumas delas menos azaradas, pelo modelo, data de fabricação ou pela sua história, acabaram preservadas para repousar em prateleiras sombrias dos museus. Ainda guardo a minha Olivetti comprada em Chapecó, no ano de 1967.

No calendário das datas comemorativas das profissões, ainda consta que hoje se comemora o Dia do Datilógrafo, profissional que já não mais existe, a não ser um outro que ainda teima em bater as teclas da sua máquina para matar a saudade e preservar a tradição. A esse saudosista das teclas tipográficas, o meu abraço.

Tudo se transforma. Assim, para que a data não caísse no vácuo, criaram o Dia do Digitador, hoje, também comemorado. E, como somos todos dependentes do teclado de um computador ou celular, penso que também estamos todos de parabéns.