João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Orgulho gay

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Orgulho gay

João José Leal

Orgulho Gay

Os dicionários ensinam que a palavra orgulho é um substantivo masculino que significa altivez, brio ou dignidade. Mas, como muitas outras palavras, significa também vaidade, arrogância e presunção para designar um indivíduo que tem excesso de admiração em relação a si próprio. Este último sentido tem sido mais usado, penso eu, na linguagem coloquial das nossas relações sociais.

Escrevo esta crônica para comentar dois episódios ocorridos na última segunda-feira, dia 28 de junho da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2021, durante o qual e com a liberdade que lhes assegura a sociedade democrática, lésbicas, gays, bi e trans e bissexuais, queens e assexuados, mais outras variantes, porque o movimento é eclético e a sigla não para de crescer, comemoraram o dia do Orgulho LGBTQIA+.

À noite, estarrecido, vi na tela da TV o prédio da Câmara dos Deputados todo iluminado e colorido. Não eram as cores da bandeira brasileira nem o verde das nossas florestas nem o azul dos céus de Brasília e deste país tropical. O que vi com os meus próprios olhos, foi a imagem do edifício do parlamento brasileiro – a bela obra arquitetônica de Oscar Niemeyer – travestido com as cores do arco-íris.

Certamente, os nossos congressistas quiseram mostrar para todos os brasileiros-eleitores que apoiam, têm orgulho de ser LGBT+ e que, em matéria de identidade gênero, todos militam no partido da neutralidade. Esquecem que essa opção preferencial, explicitamente manifestada em cores e palavras, ressoa como discriminatória. E, até certo ponto, preconceituosa em relação aos outros que ainda devem ser maioria nesta terra onde cantam sabiás e outras aves abençoadas.

No mesmo dia, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina postou em sua página eletrônica oficial o cartaz comemorativo do Orgulho LGBTQIA+, com aquele coração estampado em meio às vistosas cores do arco-íris. Ali podia ser lido: “O Direito de Amar é de Todes”. Explico ao leitor que assim mesmo estava escrito no cartaz, pois a orgulhosa militância tem uma nova bandeira de luta.

Seus representantes lutam agora para reformar a nossa língua oficial, que consideram discriminatória, excludente e machista. Por isso, querem ditar novas regras gramaticais, a fim de mudar entre outras coisas o número, o gênero e o “sexo” das palavras. Na verdade, pretendem o reconhecimento oficial do seu dialeto tribal denominado de linguagem neutra. Defendem, por exemplo, que o plural das palavras observe regras de neutralidade no tratamento das pessoas e sujeitos da frase.

Para os defensores dessa linguagem tribal, o correto é escrever e falar “todes”, “outres”, “muites”, “algumes” e por aí a fora. Dizem que usar o pronome “todos” para se referir a um público em que esteja presente uma mulher, um gay ou uma lésbica é praticar uma fala machista que deve ser corrigida.

Nossos desembargadores que tomem cuidado! Podem receber petições nas quais sejam tratados por magistrates, excelences, meretíssimes, preclares e outras variantes linguísticas, cujos signatares tenham feito sua opção pelo uso da linguagem neutra.

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