Ouro Preto
Penso que viajar é bom e faz bem ao espírito humano. Porém, devemos começar pelo nosso país, pela nossa terra brasiliensis. E, Ouro Preto parece-me um bom começo. Recentemente, lá estive. Já conhecia de outras viagens, mas sempre vale a pena ali retornar porque é uma cidade que guarda boa parte da história do processo […]
Penso que viajar é bom e faz bem ao espírito humano. Porém, devemos começar pelo nosso país, pela nossa terra brasiliensis. E, Ouro Preto parece-me um bom começo. Recentemente, lá estive. Já conhecia de outras viagens, mas sempre vale a pena ali retornar porque é uma cidade que guarda boa parte da história do processo de libertação do nosso povo. Foi lá que tudo começou e fez despertar o nosso sentimento de independência, de uma pátria livre de Portugal.
A Inconfidência Mineira, que congregou a elite da região (comerciantes, um magistrado, um padre, um poeta), foi um importante movimento político, que teve por objetivo a nossa independência, então sob o domínio português.
Neste tempo pós-moderno de internet revolucionando nossas vidas, caminhar pelas ruas estreitas, tortuosas, revestidas de pedras tão antigas quanto irregulares, empinadas quase a 90 graus, de Ouro Preto, é como estar voltando aos anos de 1700, em pleno século 18, quando a então próspera e dourada Vila Rica, fervilhava nos confins da região central das Minas Gerais, bem no coração do Brasil colonial, berço do ouro confiscado para o sustento e o fausto da coroa lusitana.
Caminhar pelas ruas da, hoje, Ouro Preto, é respirar um pouco da atmosfera daquele momento histórico em que viviam os moradores de Vila Rica, muitos deles já carregando no peito o sentimento de brasilidade e de revolta contra a derrama, contra a opressão e contra o confisco cada vez maior do ouro ali produzido a duras penas.
Visitar Ouro Preto não é só caminhar por suas centenárias ruas cheias de história. É, também, visitar o importante Museu da Independência, onde se encontram os restos mortais trasladados da África, de todos os inconfidentes, com exceção do grande mártir, Tiradentes, único a ser punido com a morte na forca, depois, esquartejado para que seu corpo não conhecesse sepultura e para que o terror da pena infamante de exemplo aos que ainda quisessem continuar sonhando com a liberdade da colônia brasileira.
O tempo passou e a verdade histórica acabou triunfando. Hoje, neste país tão pobre de heróis, Tiradentes, sem dúvida, ocupa o seu merecido lugar de destaque na história política da nação brasileira.
É, também, conhecer uma cidade cheia de arte e cultura, a começar por suas numerosas igrejas, exemplos do que há de mais representativo da arquitetura colonial deste país. A mais visitada, a igreja matriz Nossa Senhora do Pilar, impressiona por seus belos altares revestidos em folhas de ouro, símbolo da riqueza de uma época áurea, em que Vila Rica despontava como a cidade mais próspera do Brasil colônia.
Ali, viveu Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o maior escultor do nosso período colonial, que nos deixou um valioso acervo de esculturas sacras em madeira e pedra-sabão. Suas obras podem ser encontradas nas igrejas e museus de Ouro Preto e de outras cidades mineiras, principalmente, em Congonhas do Campo, onde estão as impressionantes esculturas dos 12 profetas.
Enfim, vale a pena conhecer Ouro Preto, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.