Outono de 2021: a Covid continua assustando
No ano passado, logo no início do outono, quando o Brasil havia perdido pouco mais de uma centena de mortos pela Covid, escrevi que aquele seria um tempo de doença e tristeza, um tempo de humanidade assustada e enclausurada. Um tempo para não esquecer jamais.
Mesmo assim, ao contrário do que diziam os estudiosos da ciência médica, tinha eu a esperança de que a Covid não durasse muito tempo. Torcia para que, a exemplo da sua antepassada e mortífera prima, a gripe espanhola, passados mais três ou quatro meses, o terrível coronavírus deixasse os brasileiros em paz, com os seus problemas de sempre e que já não são poucos.
Infelizmente, estava demasiadamente otimista e assim não aconteceu. O outono de 2020 chegou ao fim. Veio o inverno trazendo frio e o coronavírus continuou a sua sinistra missão de espalhar doença e morte. Chegamos à primavera e continuamos assustados, afastados dos familiares e dos amigos.
Quando parecia que a Covid-19 iria arrefecer e buscar outros ares, outras terras, chegamos ao verão, com a suas festas de natal de de final de ano, com as suas férias e o seu carnaval que leva multidões para as praças e ruas de centenas de cidades brasileiras. E a doença se agravou ainda mais.
A roda do tempo, com seu calendário astronômico, trouxe-nos de volta mais um outono, essa estação morna, nem fria nem quente. Como a epidemia continua forte, mais de dois mil mortos por dia, não tivemos sossego nem tranquilidade para sentir se fazia frio ou calor, a não ser a febre dos nossos próprios corpos. Também nos faltou a necessária paz para contemplar o balé das folhas amarelecidas despencando das árvores, na sua inevitável queda anual para voltar ao regaço da Terra-Mãe e completar o ciclo mágico da vida.
Tudo, por causa da Covid e do seu assustador coronavírus que continua a ceifar vidas, inclusive de familiares e amigos próximos. E isso, nos assusta, nos causa medo. Afinal, doença e morte sempre trazem sofrimento, dor e tristeza sem fim, principalmente, para os que estão próximos da pessoa atingida pela fatalidade da doença. O que nos deixa ainda mais assustados é que esse cavaleiro das trevas, de cuja terrível ameaça quebramos esquinas e abandonamos amigos para com ele não cruzar, parece ter vindo para ficar, para ser uma sinistra sombra a nos ameaçar para sempre.
E, sem que tivéssemos percebido, o outono de 2021 terminou nesta última segunda-feira para dar lugar ao inverno, cujo hálito frio e até gelado já está nos fazendo puxar acolchoados e cobertores, casacos e blusas de lã.
Mas, há sempre uma luz no fim do túnel, diz o ditado. E, assim, continuo com a esperança, agora, mais forte de que a Covid vai passar e que, no próximo outono, todos vacinados para enfrentar o coronavírus, teremos paz e tranquilidade para contemplar o cair das folhas amarelas.