João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Primavera com cara de inverno: pitangas e araçás

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Primavera com cara de inverno: pitangas e araçás

João José Leal

Pois é, parece que o inverno não quer nos abandonar. Até ontem, o dia esteve nublado, chuvoso e frio. Claro, que não um frio de usar roupa de lã. E a previsão é de que, até o final desta semana, o tempo assim continuará. E aquela sempre esperada primavera, de manhãs de frescor e tardes cálidas, ainda não mostrou a sua cara.

Mesmo assim, tenho caminhado pelas ruas e avenidas do Maluche. Apesar das suas amplas ruas e avenidas e largas calçadas, poucos moradores plantam uma árvore sequer para sombra, pouso das aves e para embelezar a paisagem. Ninguém gosta de árvore em frente sua casa. Dizem que levanta e suja a calçada com as suas folhas caídas. Nesse ponto, Brusque é uma cidade de ruas despidas de qualquer tipo de cobertura florestal, sem sombra para minimizar o calor, com os pedestres caminhando e suando nos dias de sol escaldante.

Na falta de sombra nas calçadas, até é bom que os dias continuem um pouco frios, hibernais. É melhor para caminhar e contemplar a beleza dos jardins floridos, que muitos proprietários fazem questão de caprichar. Na verdade, nem tudo está perdido. Diante da omissão do poder público, muitos moradores do Maluche plantaram árvores e flores nos canteiros centrais. E isso ajuda para que a paisagem nessas largas vias de trânsito ganhe um pouco de verde.

Eu fiz a minha parte. Nas calçadas da minha casa plantei grandes árvores que, em dias de sol, se transformam em pontos de descanso para motoristas em busca de uma sombra refrescante. Também plantei dezenas de goiabeiras, pitangueiras e araçás, árvores nativas de porte baixo e de crescimento rápido. Lá estão para embelezar e encher de verde os canteiros das avenidas do meu bairro.

Algumas ainda estão pequenas e precisam de cuidados para que possam crescer de dar seus frutos, que não sei se viverei para colher alguns deles. Felizmente, muitas plantas estão crescidas e, goiabas, pitangas e araçás já podem ser colhidos. Isso, se os pássaros que ficam de olho e sempre chegam antes, deixarem algum fruto para o caminhante.

Agora, estamos no tempo da pitanga, essa pequena fruta nativa, com sabor agridoce e silvestre, de cor rubra quando madura e que em tupi-guarani, de onde se origina o nome, significa vermelho. Para os seguidores da dietética, a pitanga contém diversas vitaminas, cálcio, ferro e fósforo. Dizem também que sua coloração avermelhada se deve ao licopeno, um antioxidante eficaz no combate ao câncer.

Não sou aficionado por esse tipo de medicina de quintal, que precisa de muita fé. Mas, nas minhas últimas caminhadas, tenho feito paradas para comer algumas pitangas que os bons e companheiros pássaros deixaram para nós, os humanos.

Sempre é uma garantia. E, nesse tempo de pandemia, quem sabe! pode ser uma forma de tratamento preventivo.

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