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Primeira viagem de automóvel de Brusque para Porto Franco

Nos tempos da Colônia Brusque-Príncipe Dom Pedro, nossa vizinha Botuverá, terra dos “bons brilhantes” em tupi-guarani, se chamava Porto Franco e assim continuou até 1943. Os primeiros imigrantes italianos ali chegaram, no ano de 1876, navegando em “canoas e balsas improvisadas”. Estrada carroçável não existia e as picadas abertas na mata para a demarcação das […]

Nos tempos da Colônia Brusque-Príncipe Dom Pedro, nossa vizinha Botuverá, terra dos “bons brilhantes” em tupi-guarani, se chamava Porto Franco e assim continuou até 1943. Os primeiros imigrantes italianos ali chegaram, no ano de 1876, navegando em “canoas e balsas improvisadas”. Estrada carroçável não existia e as picadas abertas na mata para a demarcação das terras rapidamente voltavam a ficar cobertas pela vegetação.

A passagem, portanto, se tornava difícil, quase impossível, por um grupo integrado por homens, mulheres e crianças transportando utensílios domésticos e as indispensáveis ferramentas para o trabalho agropastoril.

Por muitos anos, Porto Franco seria uma comunidade isolada, quase perdida nas barrancas do médio Itajaí-Mirim, contando somente com o rio e suas águas nem sempre navegáveis como única via de comunicação para o trânsito de pessoas e seus produtos agrícolas em direção à se da Colônia.

A considerar a nota publicada pela Gazeta Brusquense, essa dificuldade de comunicação perdurou até 1917. A partir de então, os colonos porto-franquenses iriam conhecer o franco progresso com a inauguração da estrada de rodagem, ligando sua comunidade à cidade de Brusque. A importância da obra viária foi noticiada, com elogiosos adjetivos, na edição natalina daquele ano.

A entusiasmada reportagem diz que quem lá tenha estado dois anos antes, viajando por uma “estrada que só podia ser chamada de caminho ou picada”, não poderia imaginar o enorme avanço ocorrido na comunicação Brusque-Porto Franco. Certamente, ficaria impressionado com o fato de que “agora, se pode fazer em automóvel essa tão difícil e fatigante viagem em 1 hora e 45 minutos, como fez o senhor Nicolao Burkhardt, no dia de Natal”.

O veículo deve ter sido alugado ou emprestado por João Bauer, proprietário de um dos três automóveis existentes em Brusque. O veículo “foi dirigido pelo Sr. Belli como chaffeur” e transitou pela “montanhosa estrada sem a mínima dificuldade”, ficando provado que a obra viária era a melhor forma de aplicar os recursos arrecadados pela administração municipal.

Termina a Gazeta registrando que a histórica viagem “causou o máximo assombro entre a população dessa povoação até hoje cortada do mundo”, o que permite concluir que aquele tenha sido o primeiro automóvel a transitar naquela então isolada localidade, que se tornou município em 1962.

Hoje, nas asas da velocidade, aquela viagem pioneira de causar espanto pode ser feita em apenas 30 minutos. E os botuveraenses já não se impressionam, muito menos se assombram, com os veículos que cruzam e circulam na cidade a todo o momento.