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Raízes, uma bela exposição

Nos anos de 1970, aconteceu um movimento artístico que marcou a história cultural de nossa cidade. Seus integrantes eram todos jovens em plena adolescência, muitos deles cabeludos e com pinta de hippies, na época vistos como sinônimo de rebeldia e contestação. Com frequência, ocupavam a Praça Barão de Schneéburg para ali realizar suas manifestações a […]

Nos anos de 1970, aconteceu um movimento artístico que marcou a história cultural de nossa cidade. Seus integrantes eram todos jovens em plena adolescência, muitos deles cabeludos e com pinta de hippies, na época vistos como sinônimo de rebeldia e contestação. Com frequência, ocupavam a Praça Barão de Schneéburg para ali realizar suas manifestações a céu aberto de contestação aos padrões culturais e artísticos então vigentes.

Estou me referindo ao grupo Cogumelo Atômico. Não eram muitos os seus integrantes; não mais que uma dezena. Era eu então um jovem promotor público amante das artes e me aproximei do grupo. Guardo ainda na lembrança as imagens daquelas manifestações de arte na principal praça de nossa então pequena e conservadora cidade.

Ao violão, Samuel Cardeal cantava músicas de protesto, de Geraldo Vandré, Chico Buarque e de Vinicius de Moraes. No meio da Praça, uma corda estendida – uma espécie de Varal Cultural – exibindo folhas de papel com poesias e textos sobre música e arte em geral escritos por Luiz Teixeira, Inês Mafra e outros. Penduradas lá estavam também as pinturas de Jorge Grimm, Márcia Cardeal e Aloísio Buss.

O Grupo publicou também, durante alguns anos, o jornal Cogumelo Atômico impresso em mimeógrafo e enviado a simpatizantes do Movimento de todo o Brasil. Nas suas páginas, eram publicados artigos sobre política, cultura e arte. Hoje, sinto-me feliz por ter contribuído para que o jornal fosse publicado a cada mês. O Movimento cumpriu os seus objetivos e chegou ao fim. Mas, seus integrantes continuam atuando na Literatura, na comunicação social, nas artes visuais, no teatro e na música.

Agora, passados mais de 50 anos, Aloísio Buss, um dos integrantes daquele Movimento, está nos brindando com uma exposição de suas belas pinturas. A mostra foi bastante elogiada pelo público que se fez presente à abertura, na manhã do último sábado. O artista denominou a mostra de Raízes e os trabalhos foram realizados por meio da difícil e exaustiva técnica do pontilhismo, que exige tempo, paciência, muita concentração e, claro, talento do artista.

Aloísio Buss se confessa adepto do surrealismo. Diz que a arte deve ser produzida com liberdade e sem compromisso com fronteiras preestabelecidas pelo formalismo limitador da imaginação criativa. Minha arte, diz ele, “não é para ser entendida, mas para ser imaginada”. Desenhadas sobre papel Canson com milhares de pontos a bico de pena, as figuras assumem formas de um surrealismo cheio de leveza e de harmoniosas cores.

A exposição estará aberta ao público até o próximo dia 7 de maio, na Galeria da Livraria Graf. Vale a pena visitá-la, atender ao pedido do artista e dar asas à imaginação.