João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Salve, agricultor das mãos calejadas

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Salve, agricultor das mãos calejadas

João José Leal

Não são todos porque muitos trabalham desde cedo e não têm tempo. Outros, no entanto, acordam cedo ou tarde, a hora que quiserem ou a preguiça deixar, para sentar à mesa e traçar a sua primeira refeição do dia. Faço parte desse segundo time de privilegiados que começam o dia comendo, porque alimentar o corpo é preciso e não é pecado.

E se, a cada manhã, temos à mesa café e leite, pão, manteiga e geleia, também frutas e cereais porque a dietética moderna assim recomenda; se temos carne, arroz, feijão e legumes no almoço e jantar, para alimentar o corpo e saciar a fome e a gula, este pecado original que o ser humano carrega consigo porque a perfeição moral é uma virtude que só os santos conseguem praticá-la, devemos lembrar e agradecer a essa figura que trabalha sem hora para terminar chamada agricultor.

Hoje, a agricultura se faz de forma mecanizada, a máquina substituindo as mãos e os braços humanos. É claro que o agricultor dos tempos atuais, produtor de milhares de toneladas de grãos que levam o nome inglês de commodities e que está mais para empresário da terra, também merece ser lembrado. Afinal, sem a produção de alimentos em larga escala a fome seria maior, nesse mundo de tanta injustiça social e de muita gente ainda sem ter o que comer.

No entanto, quero reverenciar, principalmente, a figura do agricultor tradicional, aquele que põe a mão na pá, na enxada e na foice para plantar e colher os grãos, as verduras e os frutos que nos alimentam durante todas as nossas vidas. Aquele agricultor que põe as mãos nas tetas da vaca para que esse precioso maná que é o leite possa chegar à nossa mesa in natura ou na forma de queijos, iogurtes, natas e manteigas.

Penso que todos nós muito devemos a esse agricultor. Foi ele que, desde os tempos imemoriais, quando nossos ancestrais viviam em caverna e dependiam dos frutos que a natureza lhes oferecia, lançou a primeira semente à terra para lhes garantir a colheita do alimento produzido por mãos humanas. Não foi só a garantia da colheita abundante ou muitas vezes destruída pelas intempéries. Aquelas primeiras semeaduras feitas por braços fortes e mãos calejadas garantiram a sobrevivência da própria espécie humana.

Durante a sua milenar caminhada cósmica por esse planeta Terra fustigado por graves adversidades naturais, profundas mudanças climáticas, o ser humano só conseguiu a sua sobrevivência graças ao fruto do trabalho, sempre cheio de sacrifício, do homem agricultor. A ele, que hoje comemora o seu Dia e ao meu avô materno que também foi agricultor de braços sacrificados e mãos calejadas, dedico esta crônica.

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