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Seremos obrigados a conviver com a Covid-19?

A pandemia arrefeceu. No Brasil, ainda temos alguns milhares de casos diários de contágio. Mas, a média de mortos não chega a uma centena, muito abaixo da sinistra marca das 1.500 mortes por dia, ocorridas em 2021. Em Brusque, nos últimos 30 dias, ocorreu uma morte causada pela Covid. Segundo informações, a pessoa era portadora […]

A pandemia arrefeceu. No Brasil, ainda temos alguns milhares de casos diários de contágio. Mas, a média de mortos não chega a uma centena, muito abaixo da sinistra marca das 1.500 mortes por dia, ocorridas em 2021. Em Brusque, nos últimos 30 dias, ocorreu uma morte causada pela Covid. Segundo informações, a pessoa era portadora de comorbidade, vocábulo que saiu dos dicionários para se tornar recorrente no discurso sobre a pandemia.

Sim, a Covid-19 continua a infectar e causar mortes de norte a sul. Mas, vivemos num país continental e assim temos a impressão de que o coronavírus anda por lugares distantes. É certo que o maldito vírus não sumiu nem foi erradicado. Dotado de uma extraordinária capacidade de mutação, tem ressurgido sob a pele de novas variantes para driblar o efeito imunizante das vacinas. No entanto, essas cepas do mal não são tão graves nem tão fatais quanto a tenebrosa cepa-mater, misteriosamente surgida para espalhar a doença, causar mortes e aterrorizar as pessoas pelo mundo afora.

Pelo histórico do quadro pandêmico, vamos ter que nos acostumar a conviver com mais esta doença que chegou para ficar. Afinal, não devemos esquecer que o câncer, o diabetes e tantas outras doenças infecciosas ou não, nos acompanham como sombras mortíferas desde os tempos primordiais. Umas foram erradicadas ou controladas como a hanseníase, a varíola, a tuberculose e tantas outras. A ciência, talvez, possa nos ajudar a erradicar a Covid-19. Mas, é preciso esperar para ver o resultado da vacina, que não tem evitado o contágio pelas novas cepas patogênicas.

Como leigo, arrisco a dizer que estamos condenados a conviver com a gripe covidiana como acontece em relação à gripe espanhola, que surgiu há mais de 100 anos. Onde? Não se sabe ao certo. Infectou e matou milhões de pessoas. Depois, se transformou, perdeu a sua virulência de letalidade e se acomodou. Agora, se apresenta na sua moderna versão mais benigna, a H1N1.

Seja pela eficácia das vacinas ou como resultado da imunidade de rebanho, o fato é que aprendemos a enfrentar a versão recauchutada da antiga influenza, que já não nos causa tanto mal nem nos cobra um preço aterrorizante em vidas, como fez há um século. A convivência se tornou tão familiar que, vacinados ou não, quase todo ano arriscamos a contrair uma gripezinha causada pelo vírus da H1N1. E, felizmente, temos saído ilesos.

Penso que o mesmo vai acontecer com a Covid-19. Para enfrentá-la, talvez tenhamos que tomar vacina a cada ano, a fim de evitar surtos ou epidemias mais graves. E o coronavírus, que nos condenou a dois anos de mortes e afastamento coletivo, continuará a sua missão patológica sem nos causar tanto mal.