João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Sete de Setembro de 2023

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Sete de Setembro de 2023

João José Leal

Penso que todos os povos têm a sua data de festa nacional. A origem da nação francesa perde-se em meio ao desaparecimento do Império Romano Ocidental. Então, o 14 de Julho de 1789, quando o povo saiu às ruas para derrubar a Bastilha, foi escolhido como dia da festa nacional dos franceses. Carregada de simbolismo político, a Revolução Francesa marcou o momento histórico em que a humanidade passa a condenar o sistema absolutista para abraçar, em nome da liberdade, fraternidade e da igualdade, a democracia como forma de governar uma nação.

Já o 4 de julho é a festa nacional dos norte-americanos, comemorado com grandiosos desfiles e manifestações cívicas por todo o país. Tudo para lembrar a independência conquistada a ferro e fogo contra a Inglaterra, em 1776, fato político que se transformou num importante exemplo para os demais povos da América Latina.

Aqui ao lado, a nossa vizinha Argentina, que teima em manter o peronismo no poder e, por isso, não anda bem das pernas, não deixou por menos. Exagerou em patriotismo e tem dois feriados nacionais maiores. O 25 de Maio foi escolhido para ser o Dia da Pátria e o 9 de Julho, data da sua Independência proclamada depois de seis anos de sangrentas batalhas contra o domínio espanhol.

Nós, brasileiros, temos o Sete de Setembro 1822, data em que conquistamos a nossa independência política sem guerras, batalhas nem derramamento de sangue, salvo no caso da Bahia, onde a luta pela emancipação se manteve até o ano seguinte. Como aprendemos desde a escola primária, bastou um grito de Dom Pedro I, às margens do Ipiranga, para ficarmos livres do jugo português.

Poucos brasileiros ouviram aquele “brado retumbante” nem se sabe bem como aconteceu o histórico fato ao lado do histórico riacho. O que sabe é que a nossa independência foi o epílogo de um processo político transcorrido nos bastidores da corte, cuja figura principal foi José Bonifácio de Andrada. Instado a voltar para Portugal e aconselhado pelo merecidamente cognominado Patriarca da Independência, Dom Pedro preferiu aqui ficar e assumir o trono da nação brasileira.

Amanhã, será feriado nacional. Como tem acontecido em anos anteriores – patriotismo é sempre para os outros – quem puder vai se mandar por esse Brasil afora. E a nossa independência será lembrada ao volante de um veículo, voando nas asas de um avião, de papo pro ar nas praias, visitando locais turísticos ou em meio a banais e rápidas conversa de restaurante.

Afinal, a nossa liberdade política não foi conquistada com a vida ou o sangue dos brasileiros. Ao contrário, foi um presente de um imperador meio brasileiro, meio português que, oito anos depois, com sua liderança desgastada e um ainda forte sentimento antilusitano, acabou abdicando do trono e retornando à sua terra natal.

 

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