Somos todos bancários
Era eu guri, no começo dos anos 1950, quando o Banco Inco inaugurou uma de suas agências, em Tijucas. Não sei se outro banco já havia funcionado em minha cidade. Assim, a instalação do Banco Inco marcou a história econômica e financeira da cidade. Lembro bem da construção e inauguração da sede que, ainda, lá […]
Era eu guri, no começo dos anos 1950, quando o Banco Inco inaugurou uma de suas agências, em Tijucas. Não sei se outro banco já havia funcionado em minha cidade. Assim, a instalação do Banco Inco marcou a história econômica e financeira da cidade. Lembro bem da construção e inauguração da sede que, ainda, lá se encontra, agora, com o nome do grande banco Bradesco.
No final de 1971, cheguei em Brusque para assumir a Promotoria Pública e os tempos já eram outros. Cidade industrial, entre as maiores do estado, nossa cidade contava com sete agências das principais casas bancárias do país. O Banco do Brasil tinha sua agência em frente à praça do Barão e, logo, uma outra foi construída, na Avenida das Comunidades, mais moderna, bem maior, tão grande que parte do prédio foi ocupada pela justiça do trabalho. Era, ainda, uma época em que agência bancária significava muitos empregos. Penso que o Banco do Brasil devia ter mais de uma centena de funcionários.
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Lá pelos anos de 1990, informática em expansão, a automação foi tomando conta do sistema bancário brasileiro e de suas operações a varejo. A tristeza, sem saudosismo, é que tudo tem o seu preço. A cada máquina instalada são profissionais que perdem seus empregos. E, assim, a classe dos bancários, que já foram muitos em Brusque, foi perdendo seus trabalhadores, na medida em que os computadores foram informatizando o serviço bancário.
Poderíamos imaginar, lá pelos anos de 1970, que um dia seria possível sacar, de uma máquina eletrônica, que conta as cédulas do nosso dinheirinho depositado, com precisão absoluta? Poderíamos prever que, de um pequeno e prodigioso aparelho na palma da nossa mão, seria possível, com a maior facilidade e de forma instantânea, consultar o saldo da nossa conta bancária, transferir valores ou fazer pagamentos das contas nossas de cada dia?
Hoje, vivemos todos plugados nessa teia internetizada e infinita. Penso que ninguém poderia prever que o avanço da informatização seria capaz de nos transformar em correntistas meio-bancários, a serviço de um banco qualquer. Sim, agora, somos todos bancários em frente a um caixa-eletrônico ou com telefone celular na mão. Afinal, nós mesmos sacamos nosso dinheiro, pagamos nossas contas, transferimos dinheiro e imprimimos cheques, realizando grande parte das tarefas antes, só praticadas pelo profissional das casas bancárias.
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Mas, não esqueço. Durante muitos anos, sempre fui e, ainda, continuo, sendo atendido, de forma gentil e prestativa, por gerentes e caixas, esses exímios e corretos contadores do dinheiro alheio. Atualmente, sou um ser internetizado e poucas vezes entro no estabelecimento bancário para falar com um funcionário. Quando preciso, vou até o caixa-eletrônico. Nessa prodigiosa máquina de autoatendimento, eu sou um bancário para atender a mim mesmo.
Pois é. Escrevi esta crônica para cumprimentar os bancários brusquenses pelo seu dia, hoje comemorado, em todo o Brasil.