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Supermercado: bazar moderno

Supermercado, esta versão moderna, ocidental, climatizada e organizada do antigo bazar persa, ainda persiste nos países das arábias. Em terras brasiliensis já foi chamado de armazém, mercearia, casa de secos e molhados, venda, bolicho e até de bodega para as gentes mais pobres de pé no chão. É claro que diferenças existem, criadas pela geografia […]

Supermercado, esta versão moderna, ocidental, climatizada e organizada do antigo bazar persa, ainda persiste nos países das arábias. Em terras brasiliensis já foi chamado de armazém, mercearia, casa de secos e molhados, venda, bolicho e até de bodega para as gentes mais pobres de pé no chão. É claro que diferenças existem, criadas pela geografia dos costumes e pelo implacável vento das mudanças.

No velho bazar, muitos são os comerciantes, em cada porta um balcão, um vendedor à espera do primeiro freguês para uma pechincha que só termina com um desconto maior ou menor, conforme o tamanho da conversa. No moderno supermercado, um só dono invisível, preços à vista e sem regateio e uma multidão de autocompradores a encher suas cestas e carrinhos.

Mas, assim como nos antigos bazares persas, supermercado é uma verdadeira catedral do comércio varejista, cheia de alimentos e bebidas, onde se compra e vende de tudo um pouco. Seus produtos são expostos como chamarizes, irresistíveis iscas para atiçar a gula consumista e é preciso muito autocontrole para que o tamanho da compra caiba no bolso dos fregueses.

Os tempos mudaram e a vida moderna, conduzida pela internet e seu fantástico aparelho chamado celular, não nos deixa tempo para procurar os amigos em seus lares ou em lugares marcados para um encontro amigo. Quando muito e a rotina dessa vida internetizada permite, um encontro casual na rua, na cafeteria, no banco ou no shopping, onde existe um é claro, esse grande e sofisticado bazar moderno com ambiente refrigerado e segurança ostensiva vai monopolizando o comércio em geral.

E no supermercado, que não é lugar só de compras, mas também ponto de reencontros cheios de alegria e de fraternais abraços entre pessoas amigas que já não mais se visitam como nos tempos dos nossos pais e avós.

Em Brusque, nas vezes em que tenho ido a um supermercado, tenho visto fregueses se cumprimentando no meio de estreitos corredores, entre prateleiras abarrotadas de mercadorias de todas as espécies, desde as de primeira até as de última necessidade, além dos supérfluos que a cada dia vão surgindo nesta sociedade de consumo sem limite.

Nesses encontros, as conversas não são apenas sobre a qualidade e o preço dos alimentos, como a alta do tomate ou o custo elevado da picanha. São bate-papos sobre familiares, pais, filhos e irmãos em primeiro lugar, até sobre a sogra. E, claro, sobre o cotidiano da vida brusquense, que já não é mais a mesma dos tempos do armazém ou da venda que ficava na esquina das nossas casas.