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Um século promovendo a cultura literária catarinense

Na última sexta-feira, a Academia Catarinense de Letras completou 100 de fundação. Não tem a idade da congênere francesa, já quatrocentona, matriz inspiradora de tantas academias mundo afora. Mas, um século de existência, neste país quase sem memória e de pouco compromisso com a tradição cultural, é um grande feito, uma data para ser realmente […]

Na última sexta-feira, a Academia Catarinense de Letras completou 100 de fundação. Não tem a idade da congênere francesa, já quatrocentona, matriz inspiradora de tantas academias mundo afora. Mas, um século de existência, neste país quase sem memória e de pouco compromisso com a tradição cultural, é um grande feito, uma data para ser realmente comemorada.

Tudo começou com um convite por escrito, assinado por José Arthur Boiteux, personagem a quem muito devem a Literatura e a história política e jurídica de Santa Catarina. Na curta mensagem convocatória, estava a proposta de se discutir e aprovar, “a exemplo de outros Estados brasileiros”, a fundação de uma associação literária catarinense.

Com a presença dos principais homens das letras residentes na capital, a histórica assembleia aconteceu às 15 horas do dia 30 de outubro de 1920, em pleno Palácio do Governo estadual. Ao final, estava fundada a Sociedade Catarinense de Letras.

Os fundadores sonhavam com uma instituição capaz de honrar o culto à Língua Portuguesa, de engrandecer a cultura literária e de promover as artes em geral. Certamente, tinham consciência das muitas dificuldades. Mas, estavam dispostos a enfrentar o enorme desafio, a fim de criar uma instituição sólida, capaz de marcar permanentemente a história das letras e da cultura em geral de Santa Catarina. Passaram-se dois anos e, à semelhança da Academia Brasileira, a Entidade literária já era conhecida pela atual denominação de Academia Catarinense de Letras.

Vocacionada ao pioneirismo, a ACLetras logo no início, quando a mulher brasileira vivia confinada ao interior do lar, a Instituição não hesitou em admitir escritoras em seu quadro social. Maura de Senna Pereira e Delminda Silveira foram as primeiras. A tradição tem se mantido e, certamente, será intensificada, em nome do princípio da igualdade não discriminatória.

Durante essa centenária caminhada, a ACLetras – a nossa Academia – tem realizado um extraordinário trabalho de promoção e difusão da Literatura, da Língua Portuguesa, das artes e da cultura em geral. Essa permanente e relevante missão cultural tem sido cumprida por meio da produção literária de seus membros, que se destacam como escritores de nosso Estado. E, também, pelo estímulo às obras literárias de autores não-integrantes do quadro da Academia. Tudo para promover a Literatura, a língua Portuguesa e os valores culturais em território catarinense e nacional.

Ao completar o seu primeiro século de existência, a ACLetras vê a literatura e a informação em geral deixarem a sua antiga e tradicional forma impressa para se apresentar no modo virtual das mágicas telas dos computadores e celulares. Eis, o enorme desafio que a agora centenária Instituição, deve superar para continuar cumprindo a sua principal finalidade estatutária “de cultivar a língua vernácula” e de promover a cultura literária catarinense.

O desafio, certamente, será vencido porque, como dizem os versos do seu Hino do Centenário, de autoria do acadêmico Artêmio Zanon: “Desse século vivido / Nos anima a mesma chama; Ao futuro garantido / A nossa arte nos conclama”.