O Brusque, a torcida que vai, a que não vai, e os 1 mil de sempre

Estreia na Série C teve público baixo no Augusto Bauer; há indícios de preferências coletivas e de perfil

O Brusque, a torcida que vai, a que não vai, e os 1 mil de sempre

Estreia na Série C teve público baixo no Augusto Bauer; há indícios de preferências coletivas e de perfil

João Vítor Roberge

Está mais do que na cara que a torcida do Brusque, ou parte significativa dela, detesta jogos às 19h em dias úteis. Há motivos justos. Dificuldade para chegar ao estádio no horário de pico, horário muito apertado com a saída do trabalho. Talvez o preço não seja dos mais convidativos para quem pagava praticamente o mesmo para ver jogos com adversários maiores na Série B. E sabemos que, em Brusque, o adversário é um fator importante para os números de bilheteria.

Os jogos de volta das quartas de final e das semifinais do Catarinense foram às 19h de dias úteis e tiveram públicos muito inferiores aos das mesmas fases em 2022, quando foram disputados em fins de semana. Parece que a cultura do torcedor de Brusque é pelo jogo do fim de semana. De preferência, com ares de decisão e contra adversários tradicionais. Ainda bem que, na Série C, a maioria dos jogos é marcada em sábados e domingos.

De qualquer maneira, é entristecedor que, na estreia da Série C, foram registrados 1.093 torcedores presentes. São aqueles 1 mil, os de sempre, que dificilmente vão faltar. É menos gente do que na estreia da Série D de 2019, contra o Boavista-RJ, que teve 1.166 torcedores.

Isto traz a impressão de que, em quatro anos marcados por uma ascensão enorme nos cenários estadual e nacional, o quadricolor não conseguiu formar novos torcedores ou fidelizar novos torcedores a ponto de trazê-los ao estádio. Na campanha do vice-campeonato estadual, defendendo o título conquistado no ano anterior, era um esforço enorme para passar de 2 mil torcedores, com exceção óbvia da final.

Do outro lado, a diretoria precisa entender as tendências, os preços, os campeonatos, sem desistir de incentivar a torcida. Há muita gente que não está indo ao Augusto Bauer. É necessário ter claros os motivos e fazer o que for possível para mitigá-los.

Mas enquanto a torcida do Brusque, de modo geral, não tiver mudanças na sua cultura, na sua identificação, no seu engajamento, o Augusto Bauer estará, em média, entre o vazio e o meio vazio. Mesmo não sendo uma cidade grande, deveria haver margem para uma média de público muito maior, fazendo do estádio um caldeirão. Poderíamos ter 3 mil por jogo, por exemplo, se 5 mil for idealista demais.

Porque, do jeito que está, fica difícil sonhar que alguém vá construir estádio para 10 mil torcedores ou proporcionar um patrocínio que traga conforto à realidade atual do Brusque. Porque, falando exclusivamente de público presente, não há necessidade.

O Brusque enfrenta o Volta Redonda às 19h de domingo, 14. Não é dia útil, mas é Dia das Mães. O quadricolor precisa vencer em casa depois da atuação decepcionante em Pouso Alegre. O adversário perdeu seus dois primeiros jogos e, em 2020, aplicou 8 a 1 aqui, com portões fechados. É para ir para cima, com muito mais torcedores do que os valentes 1 mil de sempre. O momento é de abraçar e apoiar.


Matriz São Luís Gonzaga é uma das obras mais importantes do modernismo em Santa Catarina:

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