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Jogadores do Brusque se manifestam contra racismo nas redes sociais

Publicações foram postadas minutos após nota oficial do clube envolvendo o atleta Celsinho ser divulgada

Na noite deste domingo, 29, jogadores do Brusque utilizaram as redes sociais para se posicionar contra o racismo. As mensagens foram publicadas minutos após o clube, por meio da conta oficial, divulgar uma nota acusando o jogador do Londrina, Celsinho, de “oportunismo”, depois do atleta acusar membros da direção da equipe catarinense de promoverem ofensas racistas.

Entre os jogadores que se posicionaram, estão o lateral-direito Edilson, o meio-campo Diego e o atacante Edu, que publicaram uma imagem contra o preconceito racial.

Poucos minutos após o texto ser publicado, o termo “Brusque” foi citado por quase 10 mil usuário da rede social, sendo o quarto assunto mais comentado.

Os usuários criticaram a postura do clube, que acusa o atleta de ser “oportunista” e que tomará “medidas cabíveis” contra a acusação do atleta.

Confira as manifestações dos atletas do Brusque:

Entenda o caso

Consta na súmula de Brusque 0x0 Londrina que o meia Celsinho voltou a ser vítima de racismo na Série B do Campeonato Brasileiro pelo fato de usar cabelo comprido. De acordo com o documento, por volta dos 45 minutos do primeiro tempo, que um dirigente do quadricolor gritou “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha.”

Por volta deste minuto da partida, Celsinho e vários colegas do banco de reservas começaram a conversar com a arbitragem, revoltados, enquanto tentavam identificar responsáveis. Várias pessoas presentes na arquibancada responderam gritando para o atleta “jogar bola”, e o clima permaneceu tenso entre jogadores e comissão técnica do Londrina e dirigentes e torcedores convidados do Brusque.

O relato foi confirmado após a partida, quando Celsinho e o diretor de futebol do Londrina, Germano Cardozo Schweger, se encontraram com o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior para registro em súmula.

Ao repórter Marcelo Siqueira, na transmissão da partida do SporTV, o jogador de 33 anos também criticou a quantidade de pessoas ligadas ao Brusque na partida. Além de membros da diretoria, há diversos convidados de empresas parceiras do Brusque e patrocinadores que assistem aos jogos na arquibancada coberta do Augusto Bauer.

“Não sei se ele faz parte da comissão técnica, da diretoria, um senhor de vermelho no camarote. De fato, eu também não entendo porque tem tantas pessoas assim em um protocolo que não estão liberados os jogos para os torcedores, temos uma quantidade. É lamentável.”

“Mais uma vez, é inadmissível. E pode ter certeza. Uma equipe de porte médio baixo, recém promovida a Série B de Campeonato Brasileiro estar cometendo um ato desses é inadmissível. Mas as providências serão tomadas”, completa Celsinho.

Outros episódios

Dois atos de racismo contra Celsinho foram cometidos em julho, em transmissões ao vivo de rádio. Em jogo contra o Goiás, no dia 17 de julho, um narrador e um comentarista da Rádio Bandeirantes Goiânia usaram termos como “negócio imundo” e “bandeira de feijão” para falar do cabelo do meia durante o jogo.

No dia 23 do mesmo mês, um narrador da Rádio Clube do Pará descreveu que Celsinho ia “com seu cabelo meio ninho de cupim para bater na bola.”

Confira a nota do Brusque na íntegra

“O atleta Celso Honorato Júnior, reserva do Londrina E.C., relatou à imprensa que teria sido chamado de “macaco” por membros da Diretoria do Brusque F.C., durante o jogo realizado ontem (28/08).

O Brusque F.C., sua torcida, diretoria, comissão técnica e patrocinadores sempre foram, ao longo da sua história, absolutamente respeitosos com relação a todos os princípios que regem as relações desportivas e humanas. Jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube, que condena veementemente qualquer pensamento ou prática nesse sentido.

O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira “perseguição” ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de “macaco”, mas sim que teriam dito “vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”, o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos.

O Brusque F.C. reitera que nenhum de seus diretores praticou qualquer ato de racismo e tomará todas as medidas cabíveis para a responsabilização do atleta pela falsa imputação de um crime. Racismo é algo grave e não pode ser tratado como um artificio esportivo, nem, tampouco, com oportunismo.

A Diretoria.”