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Pokémon Go virou mania em Brusque e é responsável por movimentar pontos da cidade

Aplicativo para smartphone tem como função principal capturar monstrinhos virtuais

Nem mesmo a chuva que atingiu Brusque durante toda segunda-feira, 8, impediu que os estudantes Marcelo Dognini Júnior, de 14 anos, e Lucas Augusto Venske, de 15, fossem à caça. Munidos com guarda-chuvas e sozinhos em meio às obras de arte do Parque das Esculturas, eles capturaram inúmeros pokémons durante boa parte da tarde.

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Assim como a dupla, milhares de usuários também estão enfrentando o mau tempo – ou mesmo locais insólitos – em busca dos monstrinhos virtuais. Desde o lançamento no Brasil – na última quarta-feira, 3 -, o aplicativo para smartphone Pokemón Go virou febre. Disponível em cerca de 50 países, a ferramenta tem como objetivo principal capturar o maior número de pokémons. Para isso, no entanto, o usuário precisa percorrer a cidade.

“Se não tivesse o aplicativo, eu estaria em casa jogando algo no computador por causa da chuva. Acaba sendo legal sair de casa e poder procurar pokémon aqui. Acaba valendo a pena mesmo com a chuva”, afirma Lucas.

Enquanto Lucas já havia visitado o Parque das Esculturas em outra oportunidade, Marcelo visitou pela primeira vez ontem à tarde. A caça aos pokémons, afirma ele, foi fundamental para isso.


Movimentação

Devido ao Pokemón Go, alguns pontos específicos de Brusque, sobretudo aqueles que contam com pokéstops (locais em que é possível pegar pokébolas e outros itens), estão recebendo maior concentração de pessoas.

No Parque das Esculturas, por exemplo, o movimento aumentou consideravelmente no último fim de semana em razão do aplicativo, segundo a coordenadora da Secretaria de Turismo, Aline Gohr. Ela conta que muitos visitantes percorreram o parque com os celulares em mãos.

Antes do lançamento do jogo, no fim de semana do dia 30, cerca de 1,6 mil pessoas haviam visitado parque. No último fim de semana, depois do lançamento, o número saltou para 2,2 mil.

“Aumentou muito no fim de semana, e principalmente de pessoas com o celular na mão catando os pokémons. Hoje [ontem] mesmo com chuva tem gente aqui atrás dos pokémons”, conta.

No fim de semana, o Parque das Esculturas registrou maior movimentação devido ao Pokemón Go / Foto: Daiane Benso

Para a acadêmica de Psicologia, Thaís Regina Pacheco, de 22 anos, a parte mais interessante do jogo é a interação que ele proporciona. Ela já capturou 122 pokémons desde o lançamento do aplicativo.

“O legal é sair por aí com os amigos, mesmo que de carro, e assim ir caçando, isso resulta em muitas risadas, mas também o legal é quando você acha o pokémon e joga a pokébola, é muito engraçado”, diz.


Segurança

Em relação a percorrer as ruas procurando os monstrinhos virtuais, o comandante Moacir Gomes Ribeiro do 18º Batalhão da Polícia Militar de Brusque, faz um alerta: os usuários não devem frequentar, sozinhos, locais com pouca movimentação, em especial durante a noite. Embora Brusque não registre casos de assaltos devido ao jogo, em outras cidades do país já houve roubos de celulares.

“Muitas pessoas que estão jogando são crianças e adolescentes e para eles a gente orienta que os pais acompanhem, principalmente à noite. E que eles também não andem sozinhos por aí em locais pouco frequentados”, diz.

Outra preocupação da Polícia Militar também está relacionada ao risco de acidentes. Segundo o comandante, os usuários acabam se distraindo com o aplicativo durante a caminhada e isso gera desatenção em relação à sinalização das ruas.

“Nós estamos fazendo algumas abordagens quando há grupos maiores para orientar sobre o trânsito. Queremos prevenir os acidentes porque quando a pessoa está jogando, ela acaba não ligando para o resto e pode atravessar uma semáforo que está fechado, por exemplo”, afirma Ribeiro.


Psicologia

Assim como o comandante, a psicóloga Janaina Mafra também faz alertas sobre o Pokémon Go, entretanto, no que se refere aos efeitos que o jogo causa no comportamento dos usuários. Segundo ela, os jogos virtuais podem afetar a mente dos adolescentes, seja de forma benéfica ou não.

“O contato excessivo com jogos eletrônicos pode causar mudanças no comportamento dos adolescentes. A dopamina, um neurotransmissor ligado diretamente à dependência em jogos, inclusive os eletrônicos, pode ser produzida em excesso desativando o córtex pré-frontal, a região do cérebro ligada à tomada de decisões, julgamentos e autocontrole. Isso faz com que os jogadores percam um pouco da noção de tempo, deixando de lado outras tarefas, como estudos ou trabalho”, diz.

Se por um lado o uso excessivo pode causar malefícios, o uso equilibrado de jogos como o Pokemón Go também é ferramenta de aprendizado, avalia a psicóloga. Ela diz que estudos já mostraram que os jogos podem estimular habilidades no cérebro.

“O ato de aprendizado envolve a repetição de certas atividades por um período de tempo, e fazer isso nos jogos leva o cérebro a criar novas conexões nervosas ligadas à atividade específica”, argumenta.

A principal dica de Janaina é utilizar tanto o Pokemón Go quanto outros jogos de maneira moderada. Ela também afirma que, em relação às crianças e aos adolescentes, é importante que os pais se envolvam com a experiência dos filhos já que, dessa forma, evitam-se problemas de saúde relacionado ao uso excessivo.


O que são os pokémons

Criados por Satoshi Tajiri na década de 90 para um jogo de videogame, os pokémons são monstros que têm superpoderes e que duelam entre si a partir de comandos dados pelos seres humanos que os capturam. Em 1996, o game virou desenho animado e se popularizou no mundo inteiro. Atualmente, há cerca de 720 pokémons diferentes.