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Jogos Abertos de Santa Catarina corre risco de ser cancelado por bloqueio de verba

Problemas no repasse de recursos por parte do estado colocam em risco a realização da competição em novembro

O possível cancelamento dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), que devem ser realizados de 12 a 22 de novembro em Joaçaba, Herval D’Oeste e Luzerna, no Meio-Oeste, deixou as pessoas envolvidas com o esporte em Brusque temerosas com o futuro do calendário esportivo.

A competição corre o risco de não acontecer porque o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE-SC) suspendeu o repasse no valor de R$ 1,8 milhão à Associação dos Municípios do Meio-Oeste Catarinense (Ammoc), que transferiria os recursos para as prefeituras das cidades-sede.

O TCE-SC diz que a transferência direta, via apoio financeiro, para uma entidade privada, fere a constituição. O repasse de verbas, diz o tribunal, necessitaria de um processo de licitação ou convênio.

O sentimento entre os treinadores é de apreensão, mas de esperança de que todo o seu esforço na preparação não foi em vão.

João Nunes, treinador da Associação dos Pais e Amigos do Atletismo de Brusque (Apaab), é um dos mais descontentes com a situação. Desde outubro do ano passado os seus atletas preparam-se visando os Jasc, que é a principal competição poliesportiva de Santa Catarina. Participar dos jogos é o ponto alto do calendário de um atleta e uma medalha é muito valorizada. “Peço a Deus que isto [o cancelamento] não aconteça”, diz Nunes.

Ele diz que não acredita no cancelamento dos Jasc, porque isto jamais aconteceu em todas as mais de quatro décadas que ele está envolvido com o esporte. “Teve ano em que não aconteceu porque teve enchente, nós entendemos, mas por causa de irregularidades nunca”, afirma.

Para o treinador da Apaab, cancelar os Jasc simplesmente não é opção e o governo do estado, juntamente com a organização, deve encontrar uma saída para o problema jurídico. “Se não houver [os Jasc], temos que analisar para entrar com uma representação contra a Fesporte, porque teve gasto dos patrocinadores, do município e dos atletas em treinamentos”, diz Nunes, que lamenta esta indefinição.

Eduardo Gohr, presidente da Brucicle, está acompanhando o problema com os Jasc, mas não desviou o foco. Ele conta que a equipe está se preparando desde o início do ano visando à competição estadual. “Vamos continuar a trabalhar da mesma forma e com o mesmo objetivo, vamos manter o planejamento”, diz Gohr. Para ele, se, de fato, os Jasc não acontecerem, será mais uma evidência de que o esporte não é respeitado devidamente pelos governantes. “Quando aperta, tiram do esporte”, comenta.

“A possibilidade de não acontecer é remota, mas existe”, afirma o superintendente da Fundação Municipal de Esportes (FME), Delmar Tondolo. Ele reconhece que se não houver os Jasc haverá um prejuízo muito grande para os atletas, patrocinadores e prefeituras envolvidas na competição poliesportiva.

“Todos os municípios investem muito dinheiro, então seria um prejuízo”, afirma. A perda não seria apenas do dinheiro público, somente em bolsas de atletas são cerca de R$ 800 mil, mas também dos atletas. Isto porque para que eles tenham direito à ajuda de custo é preciso de uma avaliação de desempenho em competições, no caso os Jasc.

Governo garante recursos

No fim da tarde de ontem o governo do estado emitiu nota falando que está estudando o modelo de repasse de recursos para atender a orientação do TCE-SE. “O governo do estado, empenhado em garantir a realização dos Jogos Abertos de Santa Catarina, informa que os recursos estão mantidos”.