Joice Diegoli completa 25 anos de trabalho na Apae
Ela é a professora que tem mais tempo de serviços na entidade
Ela é a professora que tem mais tempo de serviços na entidade
“É uma paixão. Uma coisa que vem de dentro, que vem do coração”. Essas palavras expressam o sentimento de Joice Vilma Borinelli Diegoli, de 40 anos, pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque, local em que trabalha há 25 anos. Ela é a professora que tem mais tempo de serviços na entidade.
Nascida em Florianópolis, Joice se mudou para a cidade brusquense com um ano. O contato com a Apae se deu ainda na adolescência, com 15 anos, quando acompanhada dos familiares frequentava o local, já que seu irmão – com deficiência intelectual -, era aluno. “Eu tinha fascínio. Eu sempre quis trabalhar aqui. Eu dizia: mãe, quando eu crescer, quero ser professora na Apae”, lembra.
O desejo era tão grande, que a mãe de Joice não hesitou em solicitar ao diretor da associação da época, Afonso Farias, uma oportunidade para a filha. Uma semana depois a resposta foi dada e no dia 27 de novembro de 1990, Joice começou a trabalhar na Apae. A menina realizava funções diversas: trocava fraldas, dava comida, carregava e buscava os alunos em casa. Essa atividade foi desempenhada durante cerca de três anos. “Foi uma época de muito aprendizado. A gente aprendia com as famílias, o jeito de lidar, ali fui crescendo”, afirma.
Com 17 anos, ainda estudando no segundo grau, Joice teve a primeira turma de estudantes. E com eles pôde descobrir mais sobre este universo. “Aprendia a lidar com as diferenças, ter um olhar especial para cada um, é algo fascinante”. Foi após este período que ela iniciou o magistério, sua área específica de atuação.
Nestes 25 anos, Joice, que é casada e mãe de dois filhos, dividia-se profissionalmente em escolas do município e na Apae. Após desempenhar atividades como ajudante, trabalhou com alfabetização e informática e hoje é responsável pelo trabalho pedagógico de oficinas de dez alunos da manhã e 12 da tarde, de 17 a 40 anos. Nas duas décadas e meia, mais de 300 pessoas já passaram pelas suas mãos.
A lição para ela, é uma só: ter humildade. “É preciso ter um bom olhar para esses alunos, é saber o que eles estão necessitando. Costumo sempre dizer que chega a doer de tão bom. Rola muita emoção”, afirma.
Joice diz que usa muitas metodologias para ensinar e que cada dia é diferente. Ela conta que costuma dizer que há professores que falam: “eu ensinei 20 vezes a mesma coisa para esse aluno e ele não aprende”. “Eu já costumo dizer que vou ensinar 20, 30, 40 vezes diferentes, para que ele aprenda”. Segundo a professora, se busca metodologias adequadas ao perfil de cada um: seja com música, teatro ou outro instrumento.
Joice ainda revela que seu fascínio é pelos dependentes. “Neles é onde a gente vê o resultado alcançado. Seja um movimento de perna, um sorriso”. A professora diz também que não se imagina longe da Apae e que se ficasse afastada, ficaria doente. “Estou me deliciando. É muito bom. Eles dão beijo, dizem ‘professora como é bom estar contigo’. Sou apaixonada. A alegria deles é a minha”.
Professora exemplar
Márcia Fernandes Teixeira, de 40 anos, aluna da Apae, afirma que Joice é uma professora muito boa. “Amo ela. Me ensinou educação, respeito, paciência, prudência, valores”.
Para Viviane Vos, 30, a professora é exemplar. Ela conta que passou toda a vida escolar ao lado dela. “Falar da Jô é difícil. Foi ela que me alfabetizou. Pra mim é uma oportunidade estar ao lado dela nestes 25 anos”.