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Jornal O Município é destaque no site da Associação Nacional de Jornais

Crescimento na oferta de conteúdo digital para os leitores foi abordada em reportagem

O Município foi destaque no site da Associação Nacional de Jornais (ANJ) nesta semana. Reportagem do jornalista Helio Gama Neto destaca o crescimento do jornal em audiência e faturamento no meio digital.

Entidade que representa jornais de todo o Brasil, a ANJ escolheu O Município pela forma que o diário está trabalhando em um momento de transição do jornalismo, apostando no conteúdo exclusivo, de qualidade e multiplataforma, com enfoque no sistema mobile first.

Confira a reportagem na íntegra:

Com enfoque local, jornal catarinense O Município cresce a partir da prática do mobile first e prepara sistema de paywall

Encravada no Vale Europeu, região de Santa Catarina marcada pelas tradições dos imigrantes alemães, italianos e poloneses, a cidade de Brusque também é sede de um dos principais jornais locais do estado catarinense, O Município, que, aos 63 anos de atuação, mostra como as mídias locais podem se adaptar com sucesso ao meio digital, tal qual os diários regionais e nacionais. Com uma circulação que também chega aos municípios de Guabiruba, Botuverá, Nova Trento e São João Batista – um universo de quase 200 mil pessoas – o diário não se intimidou com os desafios online, opera no sistema mobile first há mais de um ano e meio, registra números recordes da audiência online, tanto em acessos no portal como em engajamento nas redes sociais, e se prepara para lançar seu sistema de paywall em breve, talvez já em agosto.

Até chegar nesta etapa, o jornal fez diversos investimentos no digital, como um aplicativo para que os leitores enviassem conteúdos, layouts mais acessíveis para o site e um sistema flip online da versão impressa. Mas a grande transformação começou no segundo semestre de 2015, com a decisão de priorizar o mobile first. A partir de então, conta o editor-executivo de O Município, Andrei Paloschi, uma pesquisa foi desenvolvida por uma empresa de marketing digital para entender melhor o comportamento do público da região composta pelos cinco municípios. “Com os dados em mãos, sabíamos quais eram os atributos do jornal perante o público, como era o hábito de leitura e de que forma se dava a interação com a marca”, conta.

Ao mesmo tempo, o estudo indicou qual a probabilidade de o público pagar por conteúdo na internet. “À época, o percentual foi considerado promissor, embora fosse insuficiente”, lembra Paloschi. O jornal, então, levou adiante o plano de adequação no seu modelo de negócio. Em uma das ações, por exemplo, a equipe do diário, assinala o editor-executivo, aprofundou a pesquisa no mercado nacional e internacional, “buscando boas iniciativas principalmente em jornalismo hiperlocal”.

Nova rotina na redação, jornalismo qualificado e tecnologia

Em paralelo, a rotina da redação foi alterada em etapas. Inicialmente foi apresentado aos jornalistas um projeto que previa a atuação em multiplataforma de maneira mais coordenada, que culminará no paywall, mais adiante. “A mudança da cultura da equipe, antes voltada ao impresso, é ponto de partida para qualquer investimento, no meu entendimento. Por isso, não foi feita de forma abrupta, mas com participação e estudo dos resultados”, diz Paloschi. Com a ideia assimilada, a redação passou a priorizar a produção de conteúdos factuais – de segurança à política, diz o editor-executivo do jornal –, para que o leitor encontrasse de forma rápida as informações no portal do jornal. “Antes, a prioridade na produção de conteúdo ainda era o impresso.”

Mesmo com uma base de cerca de 6 mil assinantes, a transformação no cotidiano dos jornalistas ocorreu de forma semelhante às de grandes redações, como a da Infoglobo, recentemente integrada. “Uma rotina clara e objetiva de atualização foi estabelecida, com o portal atualizado das 7h às 21h, com plantões na madrugada, baseado no hábito de consumo das informações. A equipe sempre foi híbrida, atuando em ambas as plataformas. Houve investimento também na gestão de conteúdo nas redes sociais, com profissional treinado com este objetivo”, afirma Paloschi. A redação de O Município conta com sete repórteres, um assistente de conteúdo, um estagiário e dois diagramadores, além de pelo menos uma dezena de colunistas e do editor-executivo. Todos, de alguma forma, produzem conteúdo para ambas as plataformas. O apoio em Tecnologia da Informação (TI) é feito por uma empresas especializada.

Em março deste ano, o jornal promoveu a alteração mais significativa dentro do modelo mobile first, com o lançamento do novo site. “A partir de então, além de consolidar a rotina mobile first, o próprio sistema passou a privilegiar o digital. A base em que os repórteres entregam as reportagens foi pensada especialmente para o digital, com o impresso em segundo plano. No nosso entendimento, não basta jornalismo de qualidade, é também necessária tecnologia de qualidade”, enfatiza Paloschi.

Atualmente, os jornalistas de O Município estão habituados à produção de conteúdo voltado ao meio móvel. “No entanto, é um processo contínuo, em que melhorias são estudadas e implantadas constantemente. No dia a dia, há dois monitores na redação em que é possível acompanhar os acessos em tempo real e a movimentação nos concorrentes e nas redes sociais. Medidas simples como essas ajudaram na criação de um ‘clima digital’”, diz Paloschi. A baixa rotatividade no jornal também ajudou. A equipe teve poucas mudanças desde 2014, facilitando o processo de transição. “Todos chegaram como profissionais de impresso e neste momento estão adaptados às demais plataformas”.

Essa sintonia certamente contribuiu para os recordes de audiência online conquistados recentemente pelo jornal, que completou 63 anos no fim do mês passado. Entre 1º de janeiro e 24 de junho deste ano, o portal do jornal cresceu 94,1%, ou seja, praticamente dobrou o número de visualizações de páginas, em comparação ao mesmo período de 2016. De 2015 a 2017 o aumento do número de visualizações de páginas foi de 745,3%. Em junho, foi batido o recorde de acessos da história do jornal: mais de 1 milhão.

Houve, ainda, uma profunda mudança de estratégia nas vendas no meio digital, além da criação de novos formatos, desde que o projeto de migração iniciou. Até 2015, praticamente não havia faturamento com anúncios digitais. Em 2016, após os investimentos, o jornal registrou crescimento de mais de 650% nas receitas com publicidade online em relação a 2015. Do ano passado para cá, o jornal registra novo incremento, de 566%. O percentual de faturamento com anúncios digitais vem ampliando sua participação dentro das receitas totais em publicidade do jornal ano após ano, com um salto significativo nos últimos meses: 0,2% (2015), 1,5% (2016) e 9,8% (primeiro semestre de 2017).

“Sistema de cadeado”

O jornal com sede em Brusque é líder nas cidades de Brusque, Guabiruba e Botuverá, de acordo com pesquisas do Instituto de Pesquisas Sociais (IPS) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), e tem grande influência na região que também engloba Nova Trento e São João Batista. Em todas essas localidades, a versão impressa do jornal segue fortalecida e ajudou no crescimento do digital. Como nos nos grandes veículos, O Município busca alternativas para incrementar suas receitas de publicidade (impressa e digital). No online, o diário investe em branded content e banners.

No que diz respeito a assinaturas digitais, o sistema pawall do jornal catarinense está em fase de ajustes finais no sistema de pagamento online. “Fomos cautelosos ao aguardar um produto com mais qualidade antes de lançar uma campanha de assinaturas. Baseado em pesquisas, optamos por lançar um sistema paywall diferente do mais comum. No mais utilizado, o leitor tem acesso a um número pré-determinado de conteúdos e, ao atingi-lo, o acesso é bloqueado. No modelo de O Município, chamado de ‘sistema de cadeado’, haverá conteúdos completamente gratuitos (notícias factuais e de prestação de serviços), e conteúdos completamente pagos. Eles serão indicados por um pequeno cadeado, por isso o nome”, revela Paloschi.

Atualmente, o jornal tem duas modalidades de assinaturas: impresso + digital, por R$ 30 ao mês, e apenas digital, por R$ 15. “Hoje, portanto, não vendemos apenas o impresso, como estratégia de despertar o interesse do público no digital, uma medida tomada em 2016. Com o paywall, inicialmente, os preços serão os mesmos”, adianta o editor-chefe.

Além do sistema de conteúdo pago, o jornal passará a enviar notícias e demais conteúdos em destaque via WhatsApp e e-mail, dentro de um projeto chamado O Município Dia e Noite. “Funcionará por adesão espontânea. Já realizamos testes e o percentual de aceitação é excelente. O objetivo é que os assinantes sejam instigados a acessar os conteúdos, diminuindo a desistência, além de prestar um serviço personalizado”, explica Paloschi.

As notificações, continua o jornalista, serão feitas por segmentação de cidade e, futuramente, de outros níveis de interesse, aumentando a assertividade. Também está nos planos do diário o lançamento de um aplicativo.