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Jornal O Progresso e o 1º de maio de 1929

Não é de hoje que o dia 1º de maio foi destacado para festejar o trabalho. No ano de 1929, tempo da grande depressão econômica mundial, inclusive brasileira, parece que Brusque vivia numa ilha de prosperidade. Tanto que o dia Primeiro de Maio daquele ano foi comemorado com o lançamento do segundo jornal da nossa cidade. […]

Não é de hoje que o dia 1º de maio foi destacado para festejar o trabalho. No ano de 1929, tempo da grande depressão econômica mundial, inclusive brasileira, parece que Brusque vivia numa ilha de prosperidade. Tanto que o dia Primeiro de Maio daquele ano foi comemorado com o lançamento do segundo jornal da nossa cidade. Denominado “O Progresso”, o nome demonstrava que seu proprietário, Erich Straetz, acreditava em prosperidade e não estava preocupado com a crise.

O editorial do primeiro número é um texto de exagerada apologia à imprensa da época, considerada “o maior factor de progresso das nações e do mundo porque é vehículo de todas as ideas, de todos os pensamentos, de todos os projectos; é o mensageiro que entra em qualquer lar, em qualquer recanto, levando aos leitores as notícias sobre tudo o que se passa nas espheras sociaes, das sciências, da religião e da arte em todas as suas modalidades”.

Para o editor, a imprensa era a solução e o remédio para tudo. Nas suas páginas, o jurista é informado “das novidades da sua profissão, das publicações das obras de direito, dos acórdãos e decisões dos tribunais”. O médico lê nos jornais as informações que precisa sobre o avanço da medicina e sobre os melhores “preparados para tratamento das doenças”.

O jornalista continua sua manifestação de fé numa imprensa de mil funções a serviço do interesse público. No seu pensamento de puro otimismo, com a simples leitura da página de um jornal, tudo estaria resolvido sem maior dificuldade. Assim, a imprensa seria uma enciclopédia inesgotável de conhecimentos, uma espécie de panaceia universal, uma autêntica lâmpada de Aladim, capaz de solucionar todos os problemas pessoais e sociais.

Assim, se a “dona de casa precisa de uma cozinheira, annuncia no jornal e sem grande trabalho vê apparecer a sua porta as candidatas a esse emprego”. E se uma empresa, “annuncia pela imprensa, de prompto tem o que deseja”. Enfim, para atender a todas estas necessidades que “os tempos modernos impõem e que a civilização exige, apparece ‘O PROGRESSO’, publicado todas as quartas-feiras, em língua portugueza”.

Sobre as coisas da cidade, quase nada foi dito. Sobre o Dia do Trabalho, uma pequena nota para louvar a lei brasileira que dedica um feriado aos trabalhadores e operários. Para o jornal, nosso país, uma “nação creada e educada nos moldes do catholicismo, não poderia ter uma legislação anárchica ou contrária ao Evangelho. Paíz de liberdade, quem aqui trabalha honestamente pode enriquecer e ter suas propriedades garantidas por lei”.

Como se vê, o tempo passou, muita coisa mudou. Mas, no Brasil, não é fácil enriquecer com o trabalho.