José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Já é 2022

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Já é 2022

José Francisco dos Santos

Na semana passada, manifestei minha expectativa quanto aos desdobramentos das decisões políticas do presidente Jair Bolsonaro, que demitiu o ministro da saúde e enfrentou publicamente o chantagista Rodrigo Maia. Até ali eram desavenças sobre isolamento e quarentena e a eterna chantagem do Congresso Nacional, sempre ávido de verbas e cargos.

Mas a demissão de Moro do Ministério da Justiça bagunçou de tal modo as coisas, que quase se esqueceu da Covid. As acusações de Moro ao presidente são graves e serão objeto de investigação criminal, podendo respingar para os dois, dependendo do curso do processo. Mas o resultado imediato é que a pressão sobre o governo, que vem desde o primeiro dia de seu mandato, ganhou contornos épicos.

Eu mesmo cheguei a endossar, em entrevista no sábado, a hipótese de renúncia do presidente, em nome da governabilidade, já que o estrago da quarentena já seria muito difícil de reverter sem essa pressão absurda. Mas já estou revendo minha posição, pois parece que há muito mosquito para ser coado nesse angu. Tudo vai depender da veracidade da interferência de Bolsonaro em investigações policiais para salvar a pele de seus filhos.

A tese pareceu óbvia a princípio, mas o presidente tem motivos de sobra para demitir o protegido de Moro na Polícia Federal, a começar pela conclusão grosseira do inquérito sobre a tentativa de assassinato do então candidato, que concluiu que o Adélio Bispo era um doido agindo sozinho, contra indícios gritantes da hipótese contrária.

Ademais, houve muitas omissões de Moro no exercício do cargo, que nunca se manifestou contra os abusos do STF, ou dos desmandos de governadores durante a quarentena, por exemplo. Ademais, há três meses Moro afirmou que o presidente nunca interferiu em investigações da Polícia Federal.

Seja quem for o vencedor dessa queda de braço, o grande perdedor é o país. Bolsonaro foi eleito em 2020 porque era a única possibilidade de impedir um novo governo petista, o que jogaria o país definitivamente no abismo. O brasileiro entendeu isso, e já no primeiro turno, o presidente arrebanhou milhões de votos que seriam, naturalmente, de outras candidaturas. No segundo turno, quem não votou em Bolsonaro votou no PT. Ou seja, não havia opção para quem queria salvar o país da bancarrota.

Com um ministério técnico, o governo estava muito bem aparelhado, mas amargou a sabotagem constante do congresso e a perseguição implacável da mídia, além, é claro, de suas próprias intempestividades e das manifestações sempre inoportunas dos filhos.

Não obstante tudo isso, o país estava subindo de novo a ladeira, com a recuperação gradual da economia. Aí veio o vírus, os prejuízos enormes da quarentena e agora essa tempestade política, que pode nos jogar novamente no fosso. Ademais, Bolsonaro soube aglutinar o anseio da maioria da população contra a doutrinação ideológica da esquerda, defendendo a família, atacando o aborto e a ideologia de gênero, o que o fez, também, angariar o ódio mortal de quem está do outro lado.

Essa batalha cultural e espiritual parece ter apenas o presidente em sua defesa nos altos escalões. Há muita coisa em jogo nessa guerra, e muito a ser esclarecido. É muito complicado prever os próximos rounds.

Moro se lançou a presidente e deflagrou o processo eleitoral. Tem tudo para ser o queridinho da mídia e dos globalistas e se tornar o Barack Obama tupiniquim. Mas ainda teremos um país viável até lá?

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