O retorno de Herodes

O retorno de Herodes

José Francisco dos Santos

Quando Jesus nasceu, o Rei Herodes I, que reinava como um testa de ferro dos romanos, e não pertencia à linhagem legítima dos reis de Israel (descendentes de Davi), mandou matar milhares de recém-nascidos, na tentativa de eliminar o Messias (o ungido, rei legítimo, que deveria restaurar o reino de Israel). Jesus escapou da matança, fugindo com José e Maria para o Egito.

A sanha de matar inocentes, no entanto, não morreu com Herodes. Aliás, o sanguinário rei fajuto está mais vivo do que nunca nos dias atuais, pois o movimento pela legalização do aborto, sem restrição nenhuma, cresce de maneira assustadora. No Brasil, sob o governo do PT, foram inúmeras manobras administrativas e decisões judiciais que, passo a passo, foram ignorando completamente a legislação pátria, que trata o aborto como crime. A derrota de Haddad e da “Manu”, em 2018, freou um pouco esse ímpeto por aqui, enquanto no Uruguai, sob o governo do “companhêro” Mujica, o aborto e o uso “recreativo” da maconha já haviam sido liberados. Na Argentina, a legalização do aborto só foi freada, em 2018, com a oposição do Senado de lá.

Mas os defensores do infanticídio semidisfarçado não descansam. Agora que a esquerda venceu novamente as eleições no país vizinho, um novo protocolo do “aborto legal” quer não apenas legalizar essa barbárie aos moldes antigos, mas retirar qualquer limite de idade gestacional, e isso sem qualquer comprovação de estupro ou coisa parecida. Ou seja, basta que a grávida decida abortar e poderá fazê-lo, a qualquer tempo, como se estivesse retirando uma verruga ou uma unha encravada.

Ora, nenhum médico que se preze tenta realizar aborto (matar o bebê ainda no útero), depois de certa etapa da gravidez, pois o risco de morte da mãe é exponencial. Então, o que se faz é induzir um microparto, matando-se o bebê depois de nascido. Para quem se lembra da última campanha presidencial dos Estados Unidos, a candidata derrotada, Hillary Clinton, a queridinha da imprensa mundial e das nossas esquerdas, prometia liberar o aborto até o nono mês, ou até mesmo após o nascimento natural. Tem gente ligada aos “direitos humanos” que discute qual é a maneira mais humanitária de matar o bebê nessas circunstâncias, se por estrangulamento ou por incisão na jugular.
Esses novos encaminhamentos, que pretendem levar ao infanticídio puro e simples, e que pode vitimar até bebês já nascidos há tempo (há quem defenda que o direito à vida é só para quem tem compreensão de si!) apenas confirmam o que venho denunciando por aqui há anos. Essas ideias vão chegando aos poucos. Primeiro se permite o aborto em caso de estupro. E a gente acha que está tudo ok.

Depois se libera para bebês anencéfalos, e a gente diz: “tudo bem”! Depois se estende o entendimento sobre os anencéfalos para outras doenças degenerativas, como a síndrome de Edwards. Quando se percebe, a vida já foi banalizada, e nós estando bancando os deuses, decidindo quem vive e quem morre. A Argentina é um sinal claro de para onde está nos levando essa nossa cultura relativista. Quando abrimos meio milímetro nos trilhos, a abertura fica cada vez mais larga e o trem descarrilha logo ali à frente. Que o bafo fedorento de Herodes fique longe de nós!

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