Joubert Pereira: a concentração em Canelinha, o pé machucado e a promessa a Azambuja
Treinador relata causo da concentração dois dias antes do jogo de volta da final
Antes da final
O Brusque fez a concentração para o jogo de volta da final em Canelinha. A delegação chegou ao hotel na antevéspera: sexta-feira, 11 de dezembro. A ideia era tirar o time do clima de euforia e expectativa que a cidade vivia.
“Chegamos às 18h, 19h30… Tudo bem no quarto. De repente, veio o Espanhol, nosso massagista. ‘Ô Joubert, seguinte, os caras saíram’.”
Espanhol indicou a direção a qual os jogadores haviam ido. O técnico encontrou um bar, próximo a um ginásio. “Não tinha ninguém, aí alguém que conhecia os jogadores, já fez assim pra mim [indicando onde eles estavam]. Cheguei lá e estavam na roda já, bebendo, os cachorros (risos)!”
De acordo com o técnico, havia quatro ou cinco jogadores na roda. “Entrei, olhei, e disse: ‘levantem-se e mandem-se!’ Aí peguei eles e disse ‘só tem uma coisa: se perder o jogo, eu vou abrir a boca na segunda-feira, no jornal.’ E deixei assim. Nossa, mas entraram no jogo virados nuns loucos (risos)!’ (…) foi bom demais.”
Joubert Pereira relata também que o elenco de 1992 tinha sua parcela boêmia, que gostava de comemorar as vitórias com cerveja. Contudo, nunca foi problema, pelo contrário. Os jogadores sempre corresponderam dentro de campo, inclusive quando mais eram necessários.
Era o caso de Cláudio Freitas, um meia extremamente habilidoso que teve problemas de disciplina em vários clubes pelos quais passou. Era um dos grandes craques do Brusque de 1992. Esteve focado sem deixar a cerveja de lado e precisou de seis meses e uma final para se eternizar na história quadricolor. “O cara bebia e jogava mais ainda”, recorda-se, com orgulho, o treinador daquela equipe.
Gol do título
Quando Cláudio Freitas marcou o gol derradeiro, na prorrogação, Joubert Pereira chegou a machucar o pé. O meia pegou um rebote livre no chute de Weber, mas, em vez mandar para as redes, preferiu ajeitar a bola, dando um corte no goleiro Carlão que só deu contornos mais antológicos àquele 13 de dezembro.
“Eu estava no túnel. Quando ele ajeitou para bater, eu fui junto”, explica o técnico, que jamais teria feito aquele domínio. Tanto que, no reflexo, vendo o lance, fez o movimento do chute. ” Ele pegou, cortou o cara pra cá, e fez assim”, gesticula, imitando o gol. “Estourei meu pé [na parede], cara.”
Promessa
Em meio às comemorações daquela conquista, também foi necessário o momento de fé e gratidão. Acompanhado pelo presidente Chico Wehmuth, pelo supervisor Sérgio Rodrigues e pelo preparador físico Zeca Albuquerque, Joubert Pereira pagou a promessa pelo título: percorreram um trajeto de 30 quilômetros a pé desde Gaspar até o Santuário de Azambuja.
Joubert Pereira
Técnico
66 jogos (1992-93)
25 vitórias
23 empates
18 derrotas