Jovem de Brusque produz cata-ventos com materiais recicláveis há mais de dez anos

Rafael Zuqui sonha em se dedicar à geração de energia eólica no futuro

Jovem de Brusque produz cata-ventos com materiais recicláveis há mais de dez anos

Rafael Zuqui sonha em se dedicar à geração de energia eólica no futuro

Impossível passar pela rua Nova Trento e não se encantar pelos belos cata-ventos no pátio de casa. Não é raro, inclusive, os enfeites motivarem fotos de quem passa pelo local. Algumas peças, feitas utilizando materiais reciclados como canos, garrafas e peças de ventilador, chegam a ser vendidas.

“Aqui todos conhecem a casa dos cata-ventos”, brinca Paula Zuqui, mãe do Rafael, 26 anos, criador dos materiais. Pelas estimativas da família, são mais de 92 peças, entre os fixos e os que foram retirados para manutenção.

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Os materiais necessários para o hobby do jovem ficam armazenados em uma oficina improvisada. Nela, além de fabricar novos cata-ventos, testando materiais diferentes, ele faz a manutenção dos itens avariados. Próximo dali, mantêm criações de galinhas de espécies variadas, além de gansos.

Desde a infância, o gosto pelo tema veio pelo convívio com o tio Hélio, também apaixonado por cata-ventos e réplicas de aviões. É ele quem arrecada boa parte dos materiais utilizados, auxilia na produção e divide experiências com tipos de materiais diferentes, lubrificação e formas de fixar as peças.

Durante a maior parte do tempo, garrafas pet, latas e madeira eram as matérias primas preferidas de Rafael para os cata-ventos. Hoje, prefere reutilizar peças de plástico com mais espessura, como PVC e pás de ventiladores, devido à maior resistência.

Turbulência na infância
A história de Rafael já esteve nas páginas de O Município, em 2006. Na época com 14 anos, ele contava como havia superado problemas cardíacos na infância para se manter vivo. As complicações foram detectadas cerca de 20 dias após o nascimento. Na época, havia a suspeita de existência de um sopro no coração.

A partir dos sete meses, quando passou a conviver com convulsões e desmaios, iniciaram as intervenções cirúrgicas. Primeiro foi a colocação de um cateter. Com nove meses, veio a primeira cirurgia e uma definitiva foi feita aos três anos.

A complexidade das cinco imperfeições constatadas no órgão e as limitações de recursos no estado na época exigiram que a família fizesse os procedimentos em Curitiba, no Paraná. Passadas as cirurgias, ele mantém um acompanhamento frequente sobre a condição de saúde.

Com a condição estabilizada, o “menino dos cata-ventos”, como foi descrito em 2006, superou as dificuldades impostas pelos problemas de saúde e, hoje, é uma pessoa ativa. Costuma aproveitar os dias de sol para caminhar pela cidade, rever amigos e familiares no Centro.

A mãe se orgulha da perseverança do filho em conseguir superar os desafios impostos pela doença. O jovem é o único filho do casal. “Ele é uma pessoa muito boa, todos gostam dele, ele é muito carismático”.

De olho no futuro
Os obstáculos não impediram Rafael de manter-se ativo. Finalizou o ensino médio e fez cursos voltados ao desenho mecânico, elétrica e fiação e tecelagem. Ainda sonha em conseguir se dedicar e estudar a geração de energia eólica. “É algo que poderia suprir a necessidade de muitas casas”.

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A paixão dele pelas hélices teve como ponto alto a realização de uma vontade de infância: um passeio de helicóptero. Com 12 anos fez sua primeira viagem, em uma atividade turística em Porto Belo. No ano passado, repetiu a experiência, desta vez em Brusque. “Desde pequeno, gosto destas coisas. Se um dia der certo, ainda quero andar de avião”.

Em uma viagem para visitar um amigo no Rio Grande do Sul, fez questão de parar e fotografar as estruturas do Complexo Eólico de Osório. Ele é composto por 75 torres de 98 metros de altura ou 135 metros, considerando as pás dos aerogeradores.

Antes de realizar o sonho, o jovem busca oportunidades de voltar ao mercado profissional. Chegou a ajudar a mãe e fazer estágios em algumas empresas locais durante o período de cursos. Até conseguir voltar ao mercado de trabalho, auxilia como pode a mãe, que se divide em atividades como doméstica e revendedora de cosméticos.

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