Justiça de Brusque aceita pedido de recuperação judicial da Somelos
Empresa tem dívidas estimadas em R$ 17 milhões e, a partir de agora, ações de cobrança estão suspensas
A juíza Clarice Ana Lanzarini, da Vara Comercial de Brusque, aceitou o pedido de recuperação judicial formulado em março deste ano pela Somelos Tecidos, empresa que está localizada no bairro Limeira Alta.
Um escritório de advocacia com sede em Curitiba foi nomeado para administrar a recuperação judicial da empresa, que a partir de agora está dispensada de apresentar certidões negativas para exercer suas atividades.
Além disso, todas as ações judiciais e execuções fiscais movidas contra a empresa estão suspensas por 180 dias. Em 2 meses, a Somelos deverá apresentar o seu plano de recuperação judicial, informando como pretende melhorar suas condições financeiras.
No começo do ano, o setor de produção da empresa paralisou as atividades e os 120 funcionários foram mandados para casa. Eles não receberam o 13º salário e férias referentes a 2016, e também parte dos salários deste ano.
A Somelos foi fundada há quase cinco décadas, em Portugal, e em 2000 abriu um parque fabril no bairro Limeira, atraída por área industrial oferecida pela Prefeitura de Brusque.
Dívida superior a 17 milhões
A juíza nomeou perito para apurar as condições financeiras da empresa, o qual, em relatório, informou que a crise econômica da Somelos decorre de diversos fatores, mas também por desvios praticados pela sua administração.
Isso motivou a realização de uma auditoria, a qual constatou diversas irregularidades, que culminaram no afastamento dos então administradores.
Com isso, alguns meses atrás Constantino Gabriel Ribeiro Roumeliotis e sua equipe foram afastados. A partir de então, Hamilton de Castro Andrade Júnior assumiu como procurador da empresa.
Resultado da fusão de Somelos Tecidos S/A (Portugal) e S.G.P.S. S/A (Portugal), a Somelos possui dívidas apuradas na ordem de R$ 17 milhões. O laudo feito pelo perito mostra que, da forma como está, a situação financeira da empresa é de “crise irreversível”.
O administrador da empresa defende que ela pode ser recuperada, a medida que os eventuais desvios apurados na gestão anterior “deturparam o que a empresa de fato é”.
Ao juízo, o administrador informou também que a recuperação será “plenamente possível” porque há intenção de serem feitos aportes financeiros pelos sócios portugueses.
Assim que a empresa apresentar seu plano de recuperação, será convocada uma assembleia dos credores para avaliá-lo.
Otimismo na recuperação
Nos documentos enviados ao poder Judiciário, os atuais administradores da Somelos estão otimistas quanto à possibilidade de retomada das atividades.
Segundo Aníbal Boettger, presidente do Sintrafite – sindicato que representa os trabalhadores da empresa – todos os funcionários estão em casa desde janeiro.
Ele informa que há dívidas relativas a salários e benefícios, mas afirma que esporadicamente a empresa tem feito depósitos, para que os trabalhadores não fiquem sem nenhuma renda durante o período ocioso.
Boettger diz que aguarda a notificação dos credores e que seja marcada a data da assembleia para aprovação do plano.
Conforme o despacho da juíza Clarice, o administrador judicial terá que fazer o levantamento de créditos devidos pelo Somelos, elencando credores e valores a receber.
Para o presidente do Sintrafite, a retomada da produção da empresa é possível.
“Da forma como eles [administradores] estão otimistas, nós estamos também, em relação à aprovação do plano [de recuperação] e à retomada, o quanto antes, do setor produtivo da Somelos”.
“Na minha avaliação pessoal a empresa vai retomar suas atividades, é uma empresa viável”, diz.