Laboratório do Athletico em Brusque já transferiu 80 garotos para clubes profissionais
Projeto trabalha com as categorias sub-11 e sub-13, com equipes de 25 a 30 crianças
Aos 14 anos, o lateral direito e zagueiro Fabiano dos Santos, de Camboriú, deu um passo importante no sonho de ser jogador profissional de futebol, quando deixou o laboratório do Athletico Paranaense, em Brusque, rumo às categorias de base do próprio clube, em Curitiba, em fevereiro. Ele é uma das mais novas promessas exportadas pelo projeto brusquense do Furacão, que já transferiu mais de 80 garotos, que atualmente estão em seis estados diferentes e no exterior.
O laboratório trabalha com as categorias sub-11 e sub-13, com equipes de em média 25 a 30 crianças captadas e selecionadas em Brusque e em toda Santa Catarina. O olheiro e idealizador do projeto, Osnildo Kistner, explica que realiza visitas técnicas em escolinhas e projetos do estado. A partir daí, são feitas avaliações e convites às crianças para serem observados no laboratório, que realiza suas atividades no Sesi, em Brusque.
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Desde o segundo semestre de 2015 no laboratório, Fabiano integra agora o time sub-14 do Athletico e mora no Centro de Treinamento Alfredo Gottardi, o CT do Caju, em Curitiba. A estrutura dispõe de acompanhamento psicológico, pedagógico, reforço escolar e aula de inglês no contraturno.
Início
O garoto começou a jogar futebol com sete anos, e em seus primeiros treinos, a mãe, Jamile, percebeu que havia potencial. Em Camboriú, treinando na escolinha de futebol Garra, do projeto Sol da Terra, ele chamou a atenção do proprietário Osnildo Kistner. Após alguns testes no laboratório, passou a integrar a equipe.
Os treinos jamais atrapalharam nos estudos. “Cada pai ou mãe é responsável pelo transporte do filho aos treinos, que são feitos três vezes por semana. Ele sempre estudava de manhã e ia a Brusque durante a tarde”, explica Jamile.
Observação constante
“Os garotos são monitorados tanto pelos treinos no laboratório quanto em suas próprias escolinhas, em seus próprios projetos. Pela idade, não pode morar em Brusque, não pode morar em alojamento, é necessário retornar à sua cidade para que eu continue fazendo o monitoramento, inclusive em campeonatos”, relata Kistner.
No entanto, há casos em que a família decide se mudar para Brusque como forma de investir no sonho do filho, na esperança de que a experiência no Laboratório o leve a voos mais altos. É o caso do volante Matheus Rampon, de Joaçaba. “Ele tinha 11, 12 anos, e sua mãe preferiu morar em Brusque para que ele conseguisse treinar semanalmente aqui. Em um ano, ele se desenvolveu muito bem, e quando ele completou 14 anos integrou as categorias de base do Athletico.”
Kistner explica que o trabalho não garante que todos os garotos encontrem espaço no Athletico, mas sim que eles, com a formação que recebem, se tornam aptos para atuar em diversos clubes importantes. “O aperfeiçoamento físico, técnico, tático, pode formar um atleta para qualquer outro clube. Há bons jogadores de posições que o Athletico já está saturado, por exemplo, e eles acabam encontrando espaços em outros clubes, aconteceu isto com o Internacional”, exemplifica.
Longe da família
Fabiano possui um contrato com o Athletico válido por quatro anos, recebe auxílio financeiro e bolsa. A adaptação não tem sido fácil, principalmente para a família.
“É muito difícil porque ele ainda é o nenê da casa, sempre acompanhei ele, fui para Curitiba passar um tempo. Ele está em busca do seu sonho, e com foco, força e determinação conseguiu chegar à base do Athletico. Ele é muito grato aos profissionais do laboratório, que acreditaram no potencial dele”, explica Jamile.
Competições e atividades
Atualmente, a principal competição disputada pelo laboratório é a Copa Santa Catarina, da Associação Catarinense de Escolinhas de Futebol (ACEF). Crianças que se encaixam em categorias como a sub-10 e a sub-12 acabam, às vezes, fora dos elencos das categorias sub-11 e sub-13, e em 2019 participarão da Copa Pomerode.
Os treinos são realizados sempre no Sesi de Brusque, às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15h. O laboratório desenvolve estas atividades desde a fundação, em 2013, e dispõe de uma comissão técnico-administrativa formada por cinco funcionários, incluindo os treinadores, Osnildo Kistner e o coordenador Marco Aurélio Chaves.
Onde estão?
Os arquivos do laboratório contabilizam 102 jovens revelados, transferidos para outras equipes ou para as categorias de base do Athletico. Apenas seis constam sem clube em dados de 26 de março. Dos 102, 20 foram transferidos sem passar pelo Sesi, desenvolvendo suas atividades em suas próprias escolinhas, mas com supervisão do laboratório. Todos são nascidos entre 1999 e 2008.
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A maior parte dos atletas está em Santa Catarina: são 44 jogadores atuando em categorias de base de 44 clubes do estado. No Athletico, há oito garotos. Há também “exportações” para Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Há ainda um no Getafe, da Espanha, e dois em Portugal, nos pequenos Alcananense e Moncarapachense.