Lar Sagrada Família pode fechar as portas por falta de recursos
Entidade que atende crianças em situação vulnerável quer que prefeitura aumente valor do repasse mensal
O Lar Sagrada Família, localizado na rua São Pedro, na localidade de Alsácia, em Brusque, pode encerrar suas atividades por falta de recursos financeiros. A entidade atende crianças de zero a 12 anos, de Brusque, Botuverá e Guabiruba, que vivem em vulnerabilidade social, principalmente relacionados a casos em que os pais têm envolvimento com o consumo de álcool e drogas.
Com o intuito de viabilizar maneiras para que o lar não deixe de realizar este trabalho, ocorreu na manhã de ontem, na Câmara de Vereadores, uma reunião para discutir soluções para o problema. Participaram representantes do Conselho Tutelar, da Secretaria de Assistência Social e Habitação, os vereadores Jean Pirola, Moacir Giraldi, Claudemir Duarte, o Tuta, José Izaias Vechi e Celso Emídio da Silva, além do procurador-geral do município, Sérgio Bernardo Junior, que representou o prefeito interino, Roberto Prudêncio Neto.
Atualmente, o Lar tem uma despesa mensal de aproximadamente R$ 19,7 mil e sobrevive com ajuda do voluntariado, eventos sociais de Páscoa, Natal, macarronada, pedágios, e também dos repasses das prefeituras de Brusque e Guabiruba – R$ 3,5 mil e R$ 1,9 mil, respectivamente, provenientes de convênio.
A presidente da entidade, Ingeborg Civinski, a Ingrid, diz que o lar sente o reflexo da situação difícil do país. As despesas são altas e alguns outros repasses que antes eram feitos, não são mais realizados. É o caso do valor referente ao pagamento das multas da Vara da Família, Infância e Juventude, que até 2012 era repassado e também da verba estadual voltada para o serviço de Alta Complexidade. Até 2014, o lar recebia uma quantidade do governo do estado, valor este que era rateado com várias cidades. Naquele ano, foram R$ 42 mil. “Não temos mais estes recursos. Nunca apertou tanto como agora. Acredito que o órgão público (prefeitura) de Brusque não vai deixar a gente na mão e irá abraçar essa causa”, afirma.
O lar reivindica um aumento no valor do repasse, que tem data de renovação para março. O ideal seria, segundo a administradora Silvana Cestari dos Santos, R$ 12 mil. “Há uma insuficiência de recursos e se estamos aqui (na reunião) é porque a situação ficou insustentável”. Ela diz que o baixo valor do repasse municipal, muitas vezes depositado com atraso, não somente nesta gestão, mas em outras também, pode determinar o encerramento do programa de acolhimento institucional de crianças em Brusque. “Vivemos uma mendicância municipal e pedimos que os vereadores nos apoiem para conseguirmos que a prefeitura olhe para o Lar”.
O Lar Sagrada Família conta hoje com uma coordenadora, uma assistente social, uma psicóloga, três monitores, dois auxiliares de serviços gerais e uma refreadora. As despesas se dividem com os funcionários, alimentação, medicamentos, manutenção e encargos trabalhistas. Neste momento, a instituição deve cerca de R$ 30 mil para pessoas que emprestaram dinheiro à entidade.
Soluções
O presidente do Legislativo, Jean Pirola (PP), diz que é histórico o papel social do Lar e que é preciso buscar alternativas concretas para que não encerre suas atividades. “São pessoas que trabalham com amor e paixão. Caso contrário já teriam fechado. Precisamos fazer uma reflexão sobre tudo o que está acontecendo”. Ele ainda afirma que é preciso que seja montada uma força-tarefa para solucionar o problema financeiros das instituições.
O secretário interino de Assistência Social, Aldrin Duarte, diz que buscará o diálogo, para que dentro das condições orçamentárias possam encontrar uma solução.
Já o procurador-geral, que disse que não estava preparado para a reunião e que foi comunicado na última hora. Ele afirma que a legislação impõem muitas restrições, principalmente se tratando de 2016, um ano eleitoral, o que torna mais difícil a liberação de recursos para entidades.
Entre as medidas levantadas por Bernardo Júnior está o apoio com o pessoal, ou seja, fornecer profissionais das áreas específicas para atuar no Lar. “Se não pudermos aumentar o recurso, poderemos auxiliar de outras maneiras, como com o pessoal”, afirma. Ele ainda diz que entrará em contato com o juiz Edemar Leopoldo Schlösser para rever o repasse das multas pecuniárias. “É uma demanda justa e o que for possível fazer dentro da lei para ajudarmos, faremos”.
Lar
O Lar sagrada Família foi constituído em 1999. Porém, atende crianças de zero a 12 anos que vivem em vulnerabilidade social, com o objetivo de promover a reinserção à família, desde 2006. Desde a fundação, mais de 200 crianças já passaram pelo local.