Laudo revela possível origem de mau cheiro causado por empresa no Limeira, em Brusque

Documento foi elaborado por uma empresa privada

Laudo revela possível origem de mau cheiro causado por empresa no Limeira, em Brusque

Documento foi elaborado por uma empresa privada

Na tarde desta terça-feira, 10 de janeiro, a Comissão Especial de Proteção Ambiental da Câmara Municipal de Brusque publicitou a vereadores e à superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Ana Helena Boos, o laudo elaborado por uma empresa privada a respeito do mau cheiro sentido nas proximidades da Área Industrial do Limeira.

A suspeita é de que os odores sejam decorrentes do vazamento de gases provenientes das atividades da Arga, que opera no local uma usina de biodigestão, em imóvel doado pelo município.

Histórico

O documento, entregue ao Legislativo em 15 de dezembro, relata que profissionais da Ecoparques Soluções Ambientais e Investimentos, de Curitiba (PR), visitaram, no último bimestre do ano passado, a Escola de Ensino Fundamental Alberto Pretti, a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Limeira Alta e a própria Arga, a fim de levantar informações e estudar a situação.

À época, eles conversaram com vereadores da comissão especial, servidores da Fundema, ouviram moradores do Limeira e também o empresário Johnny Archer Gamba.

Diretor técnico da Ecoparques, Tapajós Miranda Rodrigues é engenheiro agrícola e especialista em tecnologias da cadeia produtiva de biogás. Por videoconferência, ele destacou alguns dos problemas identificados na infraestrutura da Arga e apontados no laudo, como a espessura inadequada das membranas plásticas que cobrem os biodigestores.

“Ela nos pareceu muito fina. Não é uma membrana padrão para biodigestores, dentro do entendimento que a gente tem há mais de 40 anos”, afirmou. Além disso, microfissuras presentes nessas membranas estariam favorecendo o escape de biogás, o que poderia explicar os odores sentidos na região.

Outro ponto

Outra falha seria o abastecimento da usina com um volume diário de resíduos (cinco toneladas/dia) muito aquém da capacidade projetada (35 toneladas/dia) para o empreendimento.

“O funcionamento perfeito da planta está condicionado ao recebimento diário dos resíduos para o qual foi projetada, inviabilizando a planta como um todo se o mesmo não for seguido corretamente, comprometendo totalmente o processo”, esclarece o laudo.

“Se tu realmente só vais trabalhar com cinco toneladas por dia, deveria ter sido montado um biodigestor de 200 metros cúbicos, no máximo. Ou começa com o que tem de resíduo real, que são cinco toneladas, e depois vai fazendo modular, ou se parte para a capacidade para qual a planta foi projetada – e aí vocês realmente têm de quem cobrar, que é, além da Arga, a Archea”, acrescentou Tapajós, referindo-se à construtora dos maquinários.

“O efluente que sai do biodigestor é inerte, não é para ter gás e não pode ter cheiro. E ali, não sei por que, eles cobriram, talvez com a intenção de abafar um pouco, porque o processo está comprometido e, quando chega na ponta final, onde deveria sair um produto nobre, o biofertilizante, ele não sai totalmente degradado, e isso realmente dá cheiro, pois esse material ainda está em estado de putrefação”, explicou o especialista.

Acompanhamento

Durante a videoconferência, Tapajós esteve acompanhado do engenheiro químico e especialista em tecnologias da cadeia produtiva de biogás Eduardo Amaral e do engenheiro agrícola Lisandro Gevieski, ambos da Ecoparques.

Membros da comissão especial

A Comissão Especial de Proteção Ambiental, criada a partir do Requerimento nº 172/2022, é formada por Norberto Laurindo, o Beto Piconha (Podemos), como presidente, Cassiano Tavares, o Cacá (Podemos), Jean Dalmolin (Republicanos) e André Batisti, o Deco (PL), que conduziu a reunião. André Vechi (DC) ocupava a função de relator, mas deverá ser substituído, já que assumiu, em 1º de janeiro, a presidência da Câmara, o que o impede de integrar comissões legislativas.

O grupo encaminhará o laudo da Ecoparques à prefeitura, que abriu processo administrativo para investigar a questão da Arga.

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