João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Lava Jato, novo olhar sobre a corrupção

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Lava Jato, novo olhar sobre a corrupção

João José Leal

O foco do noticiário dos últimos dias continua concentrado na Lava Jato, que está lavando a extensa calçada da corrupção brasileira. Seus caminhantes? Políticos, grandes empresários e altos funcionários da administração pública, ávidos em assaltar os cofres da Petrobrás, um dia símbolo empresarial desta arruinada nação. Ninguém ignora, há mais cofres públicos assaltados. Infelizmente, ainda não foi criada nenhuma outra operação de lavagem da corrupção, capaz de levar à prisão outros afanadores do dinheiro público. Na verdade, justiça perfeita é utopia, sempre distante do alcance da espada empunhada pela mão humana.

Antes da Lava Jato, esses malfeitores da economia e das finanças públicas, movidos por uma avidez sem pudor, agiam seguros e confiavam na inércia da justiça criminal, indiferente e sem disposição para enfrentar a criminalidade do colarinho branco, transformada em máquina infernal de despojar dinheiro público aos bilhões de reais, milhões desdenhados como cifras do passado, porque insaciável é o apetite do sinistro dragão da corrupção brasileira. Principalmente, diante das portas escancaradas e sem vigilância do tesouro nacional.

Corrupção, sempre houve, nas relações da vida pública e privada brasileira. Encoberta por uma cortina de fumaça, mereceu o olhar conivente e entorpeceu nosso sentimento de justiça, tão severo para o ladrão sem gravata e pé no chão. A justiça criminal, venda nos olhos, sempre teve enorme dificuldade para reprimir a delinquência financeira e os crimes de corrupção, com suas ações praticadas às escondidas, mediante engenhosas fraudes e sofisticados atos de simulação. Muito tempo se passou, com a justiça só empunhando a força da sua espada para punir a delinqüência dos mais fracos.

Na verdade, não é fácil. Não estamos acostumados a encarar essas pessoas como criminosas e infratoras da lei penal. É gente com nome de família tradicional, vestida com apurada elegância, de fisionomia simpática, que nos custa crer terem mãos para a rapinagem e, muito menos, cara e alma de bandido. É gente que recebe o nosso “Bom dia” e frequenta gabinetes dos palácios do poder republicano.

Essa gente – altos funcionários públicos, poderosos empresários e seus executivos, deputados, senadores e ex-presidentes – está agora com seus nomes fichados na polícia, a prestar contas à justiça criminal. Nunca imaginaram que o fantasma do Mensalão voltaria com o nome de Lava Jato, agora, espada firme nas mãos, para punir os maiores corruptos da república brasileira.

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