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Número de prédios em construção em Brusque é um dos menores da década

Recuperação da construção civil de Brusque é lenta, indica levantamento

A construção civil de Brusque ainda não voltou aos patamares de antes da crise, de acordo com levantamento exclusivo obtido por O Município. Os dados, informados pelo Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan), evidenciam que o setor está no seu pior momento desde 2013.

O Ibplan é o órgão da prefeitura responsável por autorizar a construção de obras na cidade. Por isso, os dados oferecem um panorama de como está a construção civil. O levantamento mostra que, neste ano, foram apenas 14 prédios construídos, até julho.

O número é o menor desde 2013, mesmo quando considerado que o dado refere-se apenas até metade do ano. Os resultados abaixo da média para Brusque começaram em 2015, foi quando a crise econômica e política atingiu em cheio o país.

Segundo a pesquisa, em 2013 e 2014, foram construídos mais de 50 prédios na cidade. Mas em 2015 esse número caiu para menos da metade. O levantamento do Ibplan mostra que foram erguidos apenas 25 edifícios.

Desde o ápice da crise financeira, a construção civil da cidade não voltou ao que era. Em 2016, foram construídos 32 edifícios. Uma leve melhora, mas ainda, pelo menos, 20 prédios abaixo do que se registrou em 2013 e 2014.

Apartamentos à venda
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Brusque (Sinduscon), Fernando José de Oliveira, diz que os números refletem a realidade do setor desde a eclosão da crise, em 2015.

“Muitos pensam que estamos em recuperação, mas não é bem assim. Se estivéssemos, haveria mais obras em andamento”, afirma Oliveira. Ele avalia que as construtoras foram impactadas pela crise e, agora, precisam, primeiramente, capitalizar.

A leitura feita pelo empresário é de que, até 2014, foram construídos muitos prédios. O setor ia bem e havia mercado consumidor para a produção, que à época era alta. Mas com a crise não só as construtoras perderam dinheiro, os potenciais clientes ficaram sem poder de compra.

Oliveira conta que há construtoras com dezenas de apartamentos à venda. Nesse cenário, construir novos prédios fica em segundo plano. A prioridade é vender as unidades já edificadas, mas vazias.

Mesmo que consigam capitalizar com a venda dos prédios, as construtoras ainda precisam confiar na economia. “Sabemos que há obras aprovadas e o pessoal tem medo de começar, por falta de confiança na economia”, afirma Oliveira.

Para o presidente do Sinduscon, somente com estabilidade econômica é que a construção civil começará a vender e, automaticamente, investir em novos prédios. Mas a perspectiva não é boa, avalia Oliveira.

“Não temos expectativa. Dependemos totalmente da economia. Por enquanto, não há perspectiva de melhora”, diz Oliveira.

 

Número de rescisões tem caído, segundo Sintricomb

Dados do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Brusque (Sintricomb) mostram que a empregabilidade, em contrapartida, tem melhorado. O levantamento mostra que a quantidade de operários demitidos tem caído e neste ano foram registrados os melhores resultados.

Os números mostram que até o momento foram feitas 738 rescisões por meio do Sintricomb. Essa estatística exclui demissões de empregos na experiência e daqueles que se desligaram por meio da Justiça do Trabalho.

Em janeiro, por exemplo, foram 68 rescisões. O número foi o menor desde 2012, demonstra o Sintricomb. Outro mês que registrou bom resultado foi abril: 57. Na mesma linha, junho e julho tiveram os menores índices nos últimos cinco anos.

Para Oliveira, há explicação para o fato de a empregabilidade se manter, enquanto que a quantidade obras tem caído. Ele avalia que muitas construtoras demitiram nos outros anos, já estão com quadros enxutos, por isso, automaticamente, têm demitido menos do que antes.

O presidente do Sintricomb, Izaías Otaviano, por sua vez, afirma que já enxerga sinais de melhora na construção civil local. Em 2015 e 2016, era comum ver gente procurando emprego na sede do sindicato. Hoje, já não acontece com tanta frequência, comenta.

“De 2016 para cá, o número de demissões vem diminuindo”, diz Otaviano. Ele avalia que há uma recuperação crescente no mercado local, apesar de os números demonstrarem menos canteiros de obras.

Crise profunda
O levantamento de rescisões do Sintricomb revela que 2015 foi o pior ano desde 2012. O Sintricomb realizou mais de uma centena de homologações em todos os meses daquele ano.

Fevereiro foi o pior de todos, com 197 rescisões. Setembro também teve resultados negativos, com 178 trabalhadores demitidos. Dos 12 meses de 2015, em seis foram contabilizados os piores números em cinco anos.

Os sinais de melhora chegaram em 2016, mas é necessário levar em conta que, tendo demitido bastante em 2015, automaticamente as empresas tinham quadros funcionais menores. Isso se reflete na estatística geral, mas o levantamento ainda é um bom indicativo de como está o setor.

Saldo quase zerado
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o saldo entre contratações e demissões até julho deste ano em Brusque é de -27. Ou seja, foram fechado 27 postos de trabalho.

Embora negativo, o resultado é menos pior do que o de outros anos e corrobora a visão dos empresários, de que a empregabilidade tem se mantido. Até o mês sete, foram 620 admissões e 647 demissões.