Líder comunitário, Nelson Cadore comandou projetos que mudaram o Santa Rita
Ele é conhecido e admirado pelo engajamento com os problemas do bairro
Ele é conhecido e admirado pelo engajamento com os problemas do bairro
Desde a infância, a trajetória de Nelson Cadore, hoje com 70 anos, é dedicada ao espírito comunitário. Entre os moradores do bairro Santa Rita, onde mora desde 1986, é uma figura conhecida e admirada pelo engajamento com o local e se orgulha das mudanças geradas com o estímulo ao associativismo.
Nascido em Nova Trento, veio ainda criança para uma fazenda no bairro Arraial dos Cunhas, em Itajaí, mas foi em Brusque que ele se estabeleceu. A placa alusiva ao título de cidadão honorário do município, entregue em 2012, é exposta com orgulho em seu escritório.
Ele morou na fazenda até o início da vida adulta, quando trocou o trabalho na agricultura pela rotina na indústria. O começo foi fazendo a limpeza. Hoje, mantém uma confecção que leva seu sobrenome, é criador de gado e faz palestras e treinamentos para empresários, estudantes e políticos.
Cadore atribui todo o desenvolvimento à valorização ao trabalho coletivo, lição aprendida com o pai, ainda na roça. Aos 13 anos, morando na fazenda, iniciaram suas primeiras mobilizações para tentar criar alternativas de lazer para os moradores do entorno. Na época, reuniu alguns amigos no projeto. “Já ajudei a fazer uns cinco campos de futebol e devo ter ajudado a fundar umas sete entidades”, lembra.
O sucesso profissional só veio com a superação. Ainda na infância, além de ajudar o pai na lavoura, vendia peixes e laranjas para ganhar algum dinheiro. Durante o período como industriário, Cadore viu na volta aos estudos uma forma de se desenvolver na carreira. Foram 60 cursos depois de ter concluído o Ensino Médio.
Estimulado pela empresa Buettner, formou-se, no Rio de Janeiro, técnico têxtil. No estado, aproveitou para conhecer novos processos de administração e produção e auxiliou a implantar boa parte da antiga empresa de Brusque.
Ficou por 18 anos na Buettner, sendo promovido cinco vezes. Nela, chegou a ser responsável pelos setores de recrutamento e treinamento de pessoal. Só saiu da companhia para fundar uma malharia, vendida para os irmãos anos mais tarde.
Estruturação coletiva
Já nos anos 90, ele começou um levantamento sobre as condições do Santa Rita. Na época, não havia um posto de saúde ou escola infantil dedicados ao bairro. A lista de mães que aguardavam por vagas para os filhos continha 150 nomes. Outra dificuldade era relacionada à qualidade de moradia.
A solução encontrada foi buscar parcerias na própria comunidade, assim como a aproximação com o poder público. Como eles precisavam contribuir com os valores necessários para custear a mão de obra, também recorreram a promoções e eventos.
Na escolha para compor as diretorias, buscava a distribuição dos integrantes em áreas variadas e avaliava as aptidões de cada um. A medida, afirma, era uma forma de garantir bons resultados e mais participação do grupo e moradores. Um dos focos era tentar entender como as pessoas viam e entendiam o próprio bairro.
Em uma caixa de sapatos, guarda com cuidado as fotos feitas durante o período. Em uma delas, indica, está o momento da assinatura do primeiro registro de sócio da associação, dele mesmo. Hoje, são cerca de 60 sócios fixos. Além deles, a associação também consegue arrecadar com temporários, que utilizam o campo de futebol semanalmente.
Durante os 10 anos à frente da associação de moradores, Cadore se orgulha de ter conseguido acompanhar a conclusão de, pelo menos, um projeto a cada dois anos. Entre eles, estavam o posto de saúde, a escola de educação infantil e a sede da associação, em uma área de 10 mil metros quadrados, com áreas de recreação e prática esportiva.
Com os resultados atingidos, representantes de outras comunidades passaram a visitar o bairro para buscar inspiração no trabalho. Mesmo entidades de São José dos Pinhais, no Paraná, copiaram o trabalho adotado. “Hoje nosso bairro é um modelo para as outras cidades e para Brusque. Toda sociedade precisa de líderes comunitários, sem vínculos políticos ou religiosos, mas com a população. Você tem que se doar para o bem estar da comunidade”, resume.