Lideranças de Brusque e região avaliam processo de impeachment do governador Carlos Moisés
Caso está sendo avaliado por comissão da Assembleia Legislativa
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou recentamente o prosseguimento do processo de impeachment do governador Carlos Moisés por crime de responsabilidade. A determinação atendeu pedido de liminar protocolada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) contra decisão do Tribunal de Justiça (TJ-SC) que suspendeu o processo, por entender que havia irregularidades na fase de admissão e denúncia.
Com isso, os prazos do processo foram retomados. Moisés e a vice, Daniela Reinehr, são acusados de crime de responsabilidade na concessão de aumento salarial a procuradores estaduais em 2019, por decisão administrativa, visando equiparar os salários dos funcionários do Executivo com os do Legislativo.
A Alesc formou uma comissão especial para analisar as defesas do governador e da vice. O prazo para apresentação das defesas é 2 de setembro.
Todo o trâmite do processo de impeachment acaba gerando uma incerteza, principalmente no momento em que o estado enfrenta a pandemia da Covid-19.
As lideranças da região de Brusque são unânimes ao avaliar que todo o processo deve ser feito com responsabilidade para trazer o mínimo de prejuízo aos municípios. Confira.
Ari Vequi, vice-prefeito de Brusque
Para o vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, o momento para a instauração de um processo de impeachment contra o governador não é razoável, visto a pandemia e todo o momento econômico. “Apesar disso, a justiça tem que ser feita. Quem deve, precisa responder”.
De acordo com ele, a bancada do MDB não deve se abster de discutir o processo amplamente. “O partido não vai se esquivar dessa discussão. Economicamente e pela pandemia não é o momento. O assunto do processo também não. A questão dos respiradores é totalmente diferente, mas o assunto dos procuradores é subjetivo”.
Vequi avalia que o processo não deve impactar em Brusque, principalmente porque o município não tem nenhuma obra ou convênio com o governo do estado.
“É ano político, então é tudo muito limitado, além disso, o governador não sinalizou com nenhum grande recurso para Brusque, para alguma obra. Então não muda muita coisa. Claro que economicamente vai prejudicar, porque a mudança traz uma desconfiança para o mercado”.
Matias Kohler, prefeito de Guabiruba
O prefeito de Guabiruba, Matias Kohler, avalia que para cada ato cometido há uma responsabilidade. “Se infringiu a legislação, está sujeito ao julgamento devido”.
Porém, o prefeito destaca o momento vivido pelo estado e pelo país, que enfrenta a pandemia da Covid-19. “É um momento delicado para o país. Não pode se transformar em julgamento político, tem que ser baseado em fatos. Mas não entendo como este sendo o momento oportuno para isso”.
Kohler diz ainda que o processo deve ser o mais rápido possível, para evitar transtornos ainda maiores no estado.
“Já presenciamos em Brusque anos atrás os prejuízos que a alternância de mandatários em um curto espaço de tempo traz. Se o governador tiver que ser substituído ou não, que seja algo rápido, que não se arraste, para não engessar ainda mais o nosso estado”, opina.
José Luiz Colombi, o Nene, prefeito de Botuverá
Para o prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene, o momento é de avaliar os acontecimentos. “A Assembleia vai saber avaliar o que está sendo colocado. Se tiver irregularidade, não tem o que fazer. Se erraram, é justo”, diz.
Nene não acredita que o processo trará impactos negativos para os municípios. “Penso que não tem como atingir, é um processo à parte. Estamos vivendo uma realidade muito diferente, tudo já está bastante difícil”.
Rita Conti, presidente da Acibr
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Conti, avalia que o momento do processo de impeachment é inoportuno.
“Não entrando no mérito da condenação, tem que verificar, claro, mas o momento é inadequado, vai gerar um grande prejuízo para o estado porque estamos num processo de pandemia, que gera crise. É muito negativo e pode travar muitas coisas que seriam importantes ter continuidade”.
Marcelo Gevaerd, presidente do Sindilojas
O presidente do Sindilojas, Marcelo Gevaerd, destaca o momento difícil que o estado atravessa. Para ele, o processo de impeachment deve ser conduzido com muita responsabilidade.
“Tem que ser feito com responsabilidade, sem envolver questões políticas, isso é o principal. Tudo tem que ser investigado, o momento é tão difícil, que não podemos correr o risco de ter ainda mais problemas”.
Fabrício Zen, presidente da CDL de Brusque
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque, Fabrício Zen, lamenta que esta situação ocorra, principalmente em um momento delicado, de enfrentamento à pandemia da Covid-19, pois “um processo de impeachment representa um retrocesso administrativo”.
Zen também avalia que “certamente um trâmite desses acaba impactando negativamente os municípios de modo geral e isso gera preocupação. De qualquer forma, desejamos serenidade às autoridades competentes para avaliarem o processo e chegarem ao melhor julgamento para o caso”, diz.