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Limites: quando e como? (2)

Pôr limites ao comportamento das crianças, em sua educação, não é ignorar, menos ainda desrespeitar suas necessidades básicas, de cada faixa etária. Os pais têm que estar atentos e dosar o que apresentam já pronto e o que permite a criatividade da criança, oferecendo, inclusive, possibilidade de optar, de escolher, quando isso seja possível. Não […]

Pôr limites ao comportamento das crianças, em sua educação, não é ignorar, menos ainda desrespeitar suas necessidades básicas, de cada faixa etária. Os pais têm que estar atentos e dosar o que apresentam já pronto e o que permite a criatividade da criança, oferecendo, inclusive, possibilidade de optar, de escolher, quando isso seja possível. Não se pode dilatar sempre para depois (quando são mais crescidos) a possibilidade de fazerem suas escolhas, apresentando-lhes sempre as possíveis consequências de suas ações escolhidas.

Tais escolhas lhes oferecem a oportunidade de perceber que, na vida, temos que fazer escolhas. Umas são acertadas, outras nem tanto. Mas, ambas fazem parte da vida. A vida não é sempre feita de acertos e escolhas que dão alegrias. Ela também reserva momentos de decepção, de frustrações, de derrotas. Muitas vezes, são fruto de nossas escolhas apressadas, mal construídas e sem critérios definidos. Tudo isso, os limites na educação podem auxiliar a aprender a se servir de critérios, construídos pouco a pouco, com reflexão e atenção, em suas pequenas ou mais significativas escolhas feitas.

Muitos pais ainda estão presos a uma psicologia que considera a educação com limites uma maneira de dominação, de opressão, de abafamento da pessoa, de castração, etc.. Tem-se o limite como algo ruim, agressivo, impositivo, que impede os filhos de manifestarem sua espontaneidade desde pequenos. É muito provável que, em momentos posteriores, tudo isso vai ter consequências nefastas no comportamento pessoal e social desses “pequenos” que cresceram “sem limites”, em suas escolhas. Vão viver numa Sociedade e numa Cultura, cheias de normas, leis, proibições… Portanto, com limites, alguns bem definidos e precisos, onde não há possibilidade de escolha. Não saberão viver e conviver, nesse mundo de limites, se não fizeram a experiência de ter critérios sólidos para suas escolhas.

É bom que essa experiência comece desde a primeira infância, progressivamente, os pais vão oferecendo, segundo a faixa etária, as oportunidades de amadurecimento em suas escolhas. Quando há irmãos (ãs), que não haja direitos e deveres diferentes, a não ser os próprios da faixa etária; respeito às diferenças e qualidades pessoais de cada criança; respeito às necessidades do outro, seja adulto ou criança; jamais dispensar os valores que têm relação com a amizade, a honestidade, a verdade, a justiça e a responsabilidade, em todas as palavras, gestos e atitudes.

Os limites não podem dispensar certas características que lhes dão credibilidade: clareza, coerência e firmeza. Portanto, têm que ser compreensíveis e inteligíveis, levando em conta a faixa etária da criança; não podem favorecer interpretações contraditórias; os pais têm que mostrar segurança no que dizem, fazem ou expressam com suas atitudes, sem hesitações. Aqui é frequente o famoso “jeitinho brasileiro”, em forma de expressões como “são pequenos ainda” ou “só um pouquinho” ou “depende”, pior ainda “se você fizer isso ou aquilo você pode”. Tudo isso é “deseducação”, porque confunde e não dá os devidos contornos ao agir humano.

Para dar limites aos filhos, os pais também precisam ter limites. Ninguém pode dar o que não tem e o exemplo dos pais é fundamental. Não se pode exigir algo que não se faz, pois a criança tende a percebê-lo como um castigo ou discriminação.