Locutor e colunista Jota Duarte falece aos 85 anos
Torcedor do Flamengo e do Carlos Renaux, locutor e colunista esportivo faleceu na manhã desta quinta-feira, 6 e deixa um legado ao radiojornalismo brusquense
Waldemar José Duarte, conhecido como Jota Duarte, faleceu na manhã desta quinta-feira, 6, em sua residência. Aos 85 anos de idade, ele construiu em Brusque sua história como locutor e comentarista esportivo. Torcedor fanático do Flamengo e do Carlos Renaux, o jornalista iniciou sua carreira na rádio Araguaia, em meados da década de 50, e contribuiu com diversos jornais da cidade, incluindo o jornal O Município.
Reinaldo Cordeiro, autor do livro que retrata a biografia do locutor, revela que seu último contato com Jota foi na segunda-feira desta semana, quando ele aprovou as últimas páginas da publicação, que já está finalizado e deve ser publicado em breve. “Ele queria muito que o livro saísse para que a sua história pudesse ser apreciada pelas pessoas”.
Durante os seis meses em que entrevistou Duarte, o escritor pôde captar seus sentimentos, as suas emoções e conviver com uma pessoa que foi um escritor de mão cheia e um grande locutor. “Ele não passou pelos bancos universitários, não fez curso, tudo o que ele aprendeu, aprendeu sozinho. Seu nome faz parte da história brusquense”, afirma.
Segundo Cordeiro, Duarte apreciava os locutores mais experientes e reproduzia as técnicas em seu trabalho na rádio. Ele só tinha o terceiro ano do primário, mas se tornou um grande escritor, jornalista e adorava ler. “Ele era um autodidata, foi colunista em diversos jornais, contribuiu muito para o esporte em Brusque”.
Ele consolidou sua carreira como comentarista e locutor esportivo ao cobrir os jogos do Carlos Renaux e Paysandú, pelo Campeonato Catarinense de Futebol, nos anos 50, na rádio Araguaia. Escreveu para diversos jornais e entre maio de 1981 e junho de 1985, Jota Duarte manteve uma coluna esportiva no jornal O Município.
Ele será sepultado hoje, às 10h, no cemitério Parque da Saudade. Ele deixa esposa, quatro filhos e seis netos.
De aprendiz de sapateiro a locutor esportivo
A história de Jota Duarte começa no dia 3 de janeiro de 1930, na cidade de Tijucas, onde nasceu e viveu seus primeiros anos de vida com os pais e os 13 irmãos. Depois da morte de seu pai – quando ele tinha um ano e meio -, sua mãe decidiu vir para Brusque em busca de novas oportunidades. Chegando no município, a família passou a residir no bairro Santa Terezinha.
“Como a família era muito pobre, quando ele tinha sete anos se solidarizou com a mãe e sentiu a necessidade de ajudá-la, por isso, começou a trabalhar em diversas áreas. Foi mensageiro no Hotel Gracher, aprendiz de sapateiro, jornaleiro do jornal Correio Brusquense, entre outros trabalhos”, conta o escritor. Quando tinha entre 16 e 17 anos passou uma temporada no Rio de Janeiro e São Paulo, onde foi servir a aeronáutica, e lá passou oito anos. “Ele tentou se estabelecer na grande cidade, mas por falta de oportunidade de emprego, ele decidiu que seria melhor retornar”.
Voltando a Brusque, ele foi trabalhar na rádio Araguaia. Passou por todas as áreas da empresa: foi sonoplasta, apresentador de alguns programas, incluindo radionovelas, e, por volta de 1958, iniciou como comentarista e narrador esportivo. No início, percorria os estádios do Carlos Renaux e Paysandú, buscando informações, mas sem participação direta nos microfones da rádio, o que foi acontecendo aos poucos. A partir daí, construiu quase 40 anos de carreira como narrador e comentarista esportivo.
Casou-se com Juracy Kormann Duarte e teve cinco filhos: Sérgio Roberto, Geraldo José, Carlos César – já falecido -, Sílvio Luís e Fábio Rogério.
Livro deve ser lançado nos próximos meses
Segundo Cordeiro, o livro sobre a vida de Jota Duarte já está escrito, mas ainda passa pela edição, e nos próximos 60 dias já deve estar impresso. Emocionado, o escritor antecipou uma parte da entrevista, onde Duarte revela: “Ainda estou lúcido e muito bem de memória, contemplando e refletindo sobre alguns valores que a vida rápida e barulhenta não me estimularam a refletir. A idade e a doença foram subtraindo a minha voz e agora, recentemente, começaram a diminuir a minha visão. Tenho sentido muita necessidade do aconchego familiar, o momento parece se aproximar e eu quero Juracy para sempre ao meu lado. Estou disposto a viver intensamente esse momento único de fé, deixando as emoções se manifestarem, quero mergulhar fundo nas coisas do espírito e alcançar a paz”.