Luciano Hang não anuncia candidatura, mas também não descarta: “Estou no jogo”
Com jornalistas de todo o estado presentes, o empresário declarou que "2018 tem que ser o ano da mudança"
Com jornalistas de todo o estado presentes, o empresário declarou que "2018 tem que ser o ano da mudança"
Jornalistas de todo o estado estiveram em Brusque na manhã de sexta-feira, 5, na sede administrativa da rede de lojas Havan, para o grande anúncio político do empresário brusquense Luciano Hang.
Pontualmente iniciada às 10 horas, havia uma grande expectativa sobre o que o empresário, proprietário de 107 megalojas em todo o país, diria na coletiva de imprensa convocada no apagar das luzes de 2017.
Desde o anúncio da coletiva, muito se especulou, principalmente sobre a possibilidade de Hang comunicar a sua candidatura a um cargo público nas eleições deste ano. As principais apostas eram na sua corrida pelo governo do estado.
No fim da tarde de quinta-feira, 4, as especulações sobre a candidatura se tornaram ainda maiores, já que surgiu a informação do pedido de desfiliação de Hang do PMDB, partido a qual fazia parte desde 1985, o que movimentou ainda mais o cenário político catarinense, já que o empresário poderia anunciar sua candidatura e seu novo partido na sexta-feira.
Além da imprensa local e estadual, participaram da coletiva alguns vereadores de Brusque, empresários e até o prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene.
Entretanto, as expectativas não se confirmaram. Durante cerca de 1h20, Luciano Hang desabafou sobre a situação política e econômica do país. Falou sobre a grande burocracia, a alta taxa de juros que faz as empresas brasileiras perderem mercado e competitividade para outros países e, principalmente, sobre a classe política e a necessidade de mudar a forma de fazer política no Brasil.
“O Brasil não vai mudar se nós não mudarmos os nossos votos. Vamos continuar sendo um país de miseráveis, de pobres, para o resto das nossas vidas. O Brasil está virado de cabeça pra baixo. No Brasil de hoje, o errado é o certo e o certo é o errado, está tudo errado neste país”, diz.
“Temos que acabar com pessoas que vão para o serviço público pensando em roubar, em enriquecer. Aliás, tem empresários que apostam no governo para ganhar do BNDES juros subsidiados para comprar jatinho, enriquecer, enquanto isso, o povo sofre. Eu não penso assim, não penso só na minha empresa, mas no meu país”, completa.
Nova postura em relação à política
O grande anúncio de candidatura não veio, entretanto, o empresário deixou a possibilidade de disputar o pleito de 2018 totalmente aberta, já que a legislação eleitoral permite filiações a novos partidos até meados de abril.
“Temos quatro meses para ver, estudar, conversar. Esse é o ano do fato novo, é o ano do empreendedor, do empresário, ano de as pessoas votarem em quem tem disciplina, sabe administrar e quer fazer”, afirma.
“Vou ter uma participação mais efetiva na política, até então eu tentava participar um pouco na política local, mas eu vou estar mais presente na vida política, eu acho que nós, empresários, pessoas do bem, precisamos nos manifestar senão nós estamos condenados a viver assim, se não cuidarmos, vamos quebrar a cara”.
O empresário enfatizou que está no jogo. “Posso pleitear qualquer cargo, como também posso apoiar alguém e também posso, com minha voz, minha vontade, ser um incentivador ou ser alguém que possa ajudar esse país a ir para o caminho que eu acho que tem que seguir”.
Hang também declarou que ainda não há nenhum partido em vista e está aberto a todas as possibilidades.
Desfiliação do PMDB
De acordo com o empresário, sua desfiliação do PMDB ocorreu para evitar mal estar dentro do partido, caso ele opte por disputar a eleição neste ano.
“Eu não quis ficar no PMDB porque muitos partidos já tem seus candidatos. Se eu ficasse no PMDB, estaria criando um mal estar dentro do partido. Pensei nisso, por que criar uma confusão dentro do partido se eles já estão se articulando”, diz, se referindo ao presidente estadual da sigla, o deputado Mauro Mariani, que pretende disputar o governo do estado, e também ao vice-governador, Eduardo Pinho Moreira, que também tem pretensões.
Hang afirma que se filiou ao partido ainda em sua época de estudante, quando foi líder estudantil e já tinha grande amizade com o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, falecido em 2015. “Eu fiquei até ontem [quinta-feira] no partido como forma de homenagear esse grande homem que foi o Luiz Henrique, maior político de Santa Catarina e nosso melhor governador”.
Certidão negativa criminal
Durante a coletiva, o empresário também fez questão de apresentar sua certidão negativa criminal aos jornalistas, o que classificou como um ato de transparência.
Hang afirma que sempre quando se manifesta politicamente, é inundado por uma chuva de críticas, principalmente nas redes sociais, de pessoas que citam processos que ele e a sua empresa têm na Justiça.
“Hoje, 95% do que eu compro é nacional, privilegio a nossa indústria, e as pessoas querem nos atingir para que o empresário não se meta em política. Está aqui o processo, nada consta, fomos inocentados. Temos muitos processos, sim, e vamos continuar sendo processados. O que importa é não ser condenado. Aqui está a minha certidão para as pessoas que ficam falando mal de mim. Sou transparente”.
Nova política
Para o empresário, chegou a vez dos novos terem oportunidade na política. “O político tem que tomar decisões que muitas vezes não são unanimidade, mas se ele souber que está certo, tem que tomar. Faço muito isso na empresa, pode ser que com algumas decisões, 90% da minha equipe não concorde, mas lá na frente eles veem que eu acertei. Quando se tem certeza do que está fazendo, tem que fazer”, diz.
“Se você tem o país virado de cabeça pra baixo, pra virar de cabeça pra cima tem que ser radical, tem que fazer muitas mudanças, senão, não vamos sair do lugar”, completa.
Por fim, o empresário afirma que 2018 é o ano da virada. “Não podemos errar a terceira vez. Ninguém mais quer saber do político que rouba, mas faz, do bonzinho incompetente ou daquele que fica em cima do muro. Precisamos de políticos que não dependam daquele cargo, a maioria dos maus políticos só fez política a vida toda, se perderem o cargo, não sabem fazer nada. Precisamos mudar este cenário”.