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Luizinho Lopes revisita trabalho no Brusque e comenta expectativas para o futuro do clube

Às vésperas da final da Série C, treinador se vê em seu melhor momento e explica algumas das ideias aplicadas à equipe

Desde que o Brusque venceu a Recopa Catarinense vencendo o Marcílio Dias, em 2023, o técnico Luizinho Lopes passou por outras 44 partidas no comando quadricolor, passando pela final do Campeonato Catarinense e pelo acesso à Série B, conquistado com duas rodadas de antecedência. Faltando duas partidas para o fim da temporada, ele quer terminá-la com mais um título, o da Série C do Campeonato Brasileiro.

O Brusque enfrenta o Amazonas neste domingo, às 18h (horário de Brasília), na Arena da Amazônia, pelo jogo de ida da grande decisão. A equipe chega a este momento após duas rodadas com menos importância, porque a vaga na Série B de 2024 e na final já estava garantida.

“As experiências que tenho com estes jogos são as que mais me irritam. Porque quero ganhar a qualquer custo, só que a gente precisa controlar uma série de coisas também. (…) São nesses jogos que às vezes a cobrança mais me irrita, porque às vezes a gente precisa criar algumas estratégias, e tem aquela coisa de ser julgado porque teríamos ‘facilitado’. Não é inteligente não zerar cartão, forçar jogador que sente incômodo. Não posso dizer que o jogo não tem importância, mas agora a gente tá na final, e o mais importante é a final”, relata.

“Tenho que ser grato, tudo aconteceu de maneira antecipada. Foram dois jogos para administrar uma série de coisas”, complementa.

O treinador luta por seu primeiro título nacional. Em 2017, subiu de divisão com o Globo-RN, na Série D, mas foi vice-campeão na final contra o Operário-PR. A conquista foi obtida também em um trabalho com etapas semelhantes, desde a pré-temporada.

Comandando o quadricolor, o potiguar de Pau dos Ferros se vê no melhor momento da carreira de treinador. “Você começa o ano como campeão, termina o ano com uma final de Brasileiro tendo uma final de estadual no meio, diria, obviamente: o melhor momento da minha carreira. Me encontro no momento mais maduro, seguro, preparado.”

“O que vivenciei até aqui me dá uma segurança, uma expectativa muito boa para minha carreira daqui para frente”, comenta.

Condições de trabalho

Luizinho Lopes explica que sua vinda ao Brusque se deve às condições oferecidas pela diretoria em relação à montagem do elenco e ao trabalho diário.

“Entendo que tínhamos investimento; infraestrutura, sabemos que precisamos melhorar em tudo, mas dá para realizar o trabalho. A condição que foi dada possibilitou a realização do trabalho, tanto que tivemos conquistas. A gente tem jogo de cintura e boa-vontade, e não tem preguiça.”

Ele elenca as soluções encontradas para suprir a falta de infraestrutura, como a disponibilidade de campos para treinamento em Brusque e Guabiruba, e academia e clínica de fisioterapia externas ao clube. “Falo isto sem nenhuma preocupação porque a diretoria fala muito mais disso do que eu. E quando se tem boas pessoas, bons profissionais, pessoas determinadas a fazer a diferença, dá para fazer com pouco.”

“Me encontro no momento mais maduro, seguro, preparado” | Foto: João Vítor Roberge/O Município

A expectativa com o retorno à Série B é de que o Brusque consiga se recuperar financeiramente e melhorar em diversos aspectos para quem trabalha no clube. Luizinho Lopes considera permanecer no Brusque e ter a oportunidade de ver de perto estas possíveis melhorias, mas o foco permanece sendo a final.

“Se o clube conseguir gerir bem, poderá ter um ano mais tranquilo em relação a estas questões com que tivemos problema agora [pagamento de salários], neste final, e ainda vai dar para cuidar da questão de infraestrutura. Acho que este cenário de não ter o Augusto Bauer vai provocar, nem que seja forçadamente, o clube a se virar nos 30. Desta problemática, pode surgir uma ótima solução. Existe uma perspectiva promissora em relação à infraestrutura, em relação a treinamento.”

Regularidade e recuperação

O treinador vê dois momentos de oscilações diferentes na temporada. No Campeonato Catarinense, ele classifica como uma oscilação de resultados: houve uma sequência de quatro empates seguidos, contra Criciúma, Concórdia, Avaí e Marcílio Dias. O desempenho em campo, contudo, foi evoluindo com o avanço da competição, conforme avalia.

Na Série C, a questão foi mais clara: o desempenho em campo. “Precisávamos nos reconectar, a coisa foi acontecendo aos poucos. Não voltamos [do Catarinense] jogando o nosso melhor.” O Brusque terminou a nona rodada no 14º lugar, quando perdeu por 1 a 0 para o Figueirense, em casa. Foi o mais longe do G-8 em que o quadricolor esteve. Quando não figurou na zona de classificação, estava entre o nono e o 11º lugares.

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“Com a folha [salarial] que o Brusque montou para a Série C, eu assumia uma responsabilidade. Em relação à montagem do elenco, dava para brigar, como nós brigamos. (…) Nossa folha não era das maiores, mas não era das menores. Foi montado um elenco bom de jogadores, que podia brigar bem por um acesso. Por isso também aceitei a vinda.”

Em meio ao principal momento de dúvida no ano, Luizinho Lopes não sentiu pressão ou ansiedade por parte da diretoria. “Internamente, a sensação que eu tive é de que nunca houve um questionamento de continuidade. Se houve, ficou apenas entre eles. Comigo, passaram tranquilidade e confiança.”

A solução foi encontrada internamente. “Nos fechamos muito, nos cobramos muito. Aumentou o nível de concentração. (…) Houve esta revolução interna de cobrança, de entender que tínhamos potencial, que queríamos acordar, senão, a gente teria que brigar no final pelas últimas vagas.”

No jogo do acesso, contra o Operário-PR: conquista com duas rodadas de antecedência | Foto: Lucas Gabriel Cardoso/Brusque FC

A derrota para o Figueirense foi o ponto de virada para o Brusque. Lideranças se manifestaram internamente e a equipe, incomodada com a situação em campo e na tabela, se mobilizou. O jogo seguinte, contra o Floresta deu início a uma sequência de cinco vitórias, que levaram a equipe até o topo da tabela. O quadricolor esteve no G-8 em dois terços da primeira fase, incluindo o período da 11ª a 19ª rodada.

“Acho que aquelas vitórias só vieram em sequência porque tinha uma base, tinha um alicerce. Existe um trabalho por trás”, comenta Luizinho, que vem destacando a antecedência das classificações na Série C. Tanto na primeira fase quanto na segunda, o objetivo foi conquistado com duas rodadas de antecedência.

Quanto às dúvidas e críticas externas em torno do trabalho nestes momentos, Luizinho Lopes afirma que sabe se equilibrar e que costuma ser indiferente. O foco é do que vem do ambiente interno.

“Eu entendo que, quando não ganha, virá a cobrança. Às vezes, quando você perde jogando bem, existe uma cobrança menor, mas quando você começa a perder em sequência, aumenta a cobrança. Tenho que me atentar à cobrança profissional, interna do meu trabalho. A questão externa é cultural, algumas [críticas e cobranças] são descabidas, coisas sem lógica. Se eu for ficar dando atenção para tudo isso, vou perder o foco. Já estou passando por um momento desafiador de buscar resultados.”

“Eu fui muito bem tratado aqui no Brusque, talvez por isso eu tenho interesse de continuar. Nos momentos em que oscilou, as reuniões foram em cima do que precisa melhorar, o porquê  disso ou daquilo. Afinal, tem que ter reunião, também tenho que me reportar aos meus chefes”, completa.

Em campo

Luizinho Lopes relata que hoje é mais aberto a trabalhar outras opções e escalações, diferentemente de outros momentos de sua carreira, em que insistia de forma prolongada com determinadas escalações que já haviam apresentado resultados positivos. “Hoje sou mais rápido, tomo uma decisão mais rápida. Não são uma ou duas mudanças que comprometem o todo.”

Um exemplo visto no Brusque está em Everton Bala, jogador que atua pelo lado esquerdo do campo, mas também pode participar no meio, a depender da estratégia traçada. Isto interfere nas movimentações ofensivas e na construção de jogadas. Há também opções para saída de bola, que podem envolver um meio-campista (Rodolfo ou Jhemerson) entre os zagueiros ou o lateral-direito Danilo Belão ao lado da dupla de zaga.

Em seu trabalho, explica que há princípios pelos quais molda suas equipes. Marcação em blocos compactos, inversões de lado e pressão após a perda da bola são alguns pontos essenciais, que independem de esquemas táticos (4-4-2, 4-5-1, etc).

De qualquer forma, são feitas adaptações e variações conforme os jogadores que tem à disposição. “O que mais tenho evoluído na minha carreira é tentar extrair a característica de jogadores em prol de uma forma de jogar.”

“Há uma ideia central: uma construção na primeira fase com três jogadores. Na última linha de ataque, no mínimo, dois em amplitude [abertos pelos lados]. Ter dois homens flutuando ao lado do 9, do lateral, vai depender da característica dos jogadores”, explica.

O treinador oferece outro exemplo da Série C: “O Operário-PR tinha a maior marcação alta do campeonato, a melhor transição. O foco da análise era de que se a gente gosta de ter a bola em casa, precisa ser um pouco mais rápido. Uma boa opção é explorar as bolas longas para sair da pressão deles. Aí todo mundo tem que estar ligado. Vamos usar nossas amplitudes [jogadores nas extremidades laterais do campo] mais do que em outros jogos, porque temos que reconhecer que os atacantes deles são rápidos e preparados para fazer uma pressão forte.”

Luizinho Lopes no Brusque

Campeão da Recopa Catarinense
Vice-campeão do Campeonato Catarinense
Acesso à Série B do Campeonato Brasileiro (final em abertorecorde)
Maior série de vitórias: 5 jogos (24/06/2023 – 23/07/2023)
Maior série invicta: 13 jogos (6V, 7E | 11/01/2023 – 11/03/2023)
45 jogos
22 vitórias
13 empates
10 derrotas
9º técnico com mais jogos pelo clube | 6º no século XXI


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