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Políticos de Brusque fazem suas apostas para a eleição presidencial de 2018

Lula, mesmo condenado, é visto como principal adversário das candidaturas de direita

Falta pouco mais de um ano para a próxima eleição presidencial e os partidos já começam a ensaiar e preparar os nomes ungidos para a disputa ao cargo mais poderoso do país. À esquerda e à direita, esses nomes vão tomando corpo e, se nenhum fato atípico ocorrer, devem estar na urna em 2 de outubro.

O jornal O Município conversou com lideranças de partidos que estão cotados para lançar candidaturas em 2018. Um dos pontos que mais chama a atenção, nas declarações, é o fato do peso que a indefinição da situação do ex-presidente Lula traz à eleição.

Com sentença condenatória de 9,5 anos, em primeira instância, por acusação de corrupção, Lula recorre ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Se a sentença for mantida, ele poderá ser preso, o que inviabilizaria a candidatura.

Partidos como o PSDB, o PMDB e o PEN, que deverá lançar o nome de Jair Bolsonaro como candidato, veem no PT de Lula o principal adversário, e a definição de sua situação jurídica como decisiva para o cenário eleitoral.

Cedenir Simon, presidente do PT de Brusque, afirma que o partido trabalha focado no nome de Lula, que lidera as pesquisas e, por ora, não há um plano B.

“O Lula é reconhecido nacionalmente como o melhor presidente do Brasil. O índice de satisfação do governo dele é de dois terços”, exalta.

Para ele, o problema jurídico envolvendo Lula tem gerado uma repercussão, mas ainda se acredita que ele poderá disputar a eleição.

Ex-presidente Lula é citado como principal adversário das demais candidaturas, caso não seja impedido pela Justiça | Foto: Divulgação

“Por enquanto não passaram de convicções. Não tem uma prova, como uma mala de dinheiro, por exemplo. Não tem um recibo do triplex que fala que é dele”, afirma, referindo-se ao imóvel cuja propriedade é atribuída a Lula pelo Ministério Público Federal.

O nome do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tem sido ventilado como plano B. Mas, para Cedenir, a impossibilidade de Lula ser candidato poderá abrir caminho para outra candidatura de esquerda.

O Lula é reconhecido nacionalmente como o melhor presidente do Brasil.
O índice de satisfação do governo
dele é de dois terços

Cedenir Simon, presidente
do PT de Brusque

“A articulação do PT nacional está junto a vários partidos, pode também ser outro nome, independente dele estar impedido. Por exemplo, Ciro Gomes. Há um conjunto de forças progressistas no Brasil que discutem a eleição”, afirma o presidente do PT.

Gomes, aliás, filiou-se ao PDT com intuito de concorrer à presidência novamente, embora tenha sido derrotado em outras tentativas. Tentamos contato com a direção do PDT de Brusque para comentar a possibilidade de candidatura, mas não obtivemos retorno.

Para o presidente do PT, a candidatura de esquerda, tanto de Ciro Gomes quanto de Lula, não terá como maior adversário as candidaturas de direita, mas o que ele chama de “criminalização da política”.

“O principal adversário de todos os candidatos não será um nome, será o momento que vive a política do Brasil, que a política hoje está criminalizada”.

Alckmin é favorito no PSDB

No lado oposto ao das candidaturas de esquerda do PT e do PDT, o eterno governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é visto por correligionários como o nome mais preparado para encabeçar a candidatura tucana em 2018.

Apesar da popularidade de João Doria, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é visto como o nome mais seguro do PSDB para a eleição | Foto: Divulgação

Serafim Venzon, deputado estadual e presidente do PSDB de Brusque, afirma que o partido terá candidatura própria, mas o martelo ainda não foi batido sobre o nome.

Para quem já foi governador praticamente 16 anos de São Paulo, administrar o Brasil seria só um
pouquito mais

Serafim Venzon, deputado estadual e presidente do PSDB de Brusque

João Doria, prefeito de São Paulo, surge nos bastidores como um presidenciável, mas, para os tucanos, Alckmin está mais preparado.

“Para a gente governar um país do porte do Brasil, com a estrutura democrática que tem, o presidente precisa saber interagir com todos esses entes políticos. Na minha opinião, a pessoa mais preparada que existe no Brasil é o Geraldo Alckmin”, avalia Venzon.

“Para quem já foi governador praticamente 16 anos de São Paulo, administrar o Brasil seria só um pouquinho mais. Além da habilidade política que ele tem”.

O deputado é outro dos que considera a candidatura do PT como a principal adversária à de seu partido.

Bolsonaro é aposta do PEN

Luciano Camargo, presidente do PEN de Brusque, comemora o acerto de Jair Bolsonaro com o partido, ainda não formalizado oficialmente, mas já confirmado.

O parlamentar, conhecido pelos posicionamentos polêmicos na Câmara dos Deputados, há tempos tem anunciado a sua pré-candidatura, e atualmente está no PSC.

Jair Bolsonaro, recém anunciado como nome nome do PEN: candidatura dele tem crescido nas pesquisas | Foto: Divulgação

O presidente do PEN de Brusque diz que o anúncio “mudou o partido da noite para o dia”. Para Luciano, Bolsonaro tem uma base fixa de cerca de 16 a 18 milhões de votos, que pode ser trabalhada para a disputa eleitoral.

O deputado federal chegou no partido com exigências, uma delas é a mudança de nome. Um dos cogitados é o antigo Prona, que imortalizou o folclórico Enéas Carneiro.

“Isso vai nos dar mais força para disputar as eleições. As chances são muito boas. Vamos supor que o Lula não possa ser candidato, ele tem grandes chances e pode ir para o segundo turno”, afirma Luciano.

Ele cita Lula como nome a ser batido nas eleições, mas acredita que o petista será impedido judicialmente de concorrer. Caso isso se confirme, não vê nenhum outro nome na esquerda capaz de fazer frente a Bolsonaro.

Isso vai nos dar mais força para disputar as eleições. As chances são muito boas. Vamos supor que o Lula não possa ser candidato, ele tem grandes chances e pode ir para o segundo turno

Luciano Camargo, presidente
do PEN de Brusque

“Com o Lula, fica aquela questão: querendo ou não tem uma grande massa que apoia ele. Mas seria uma aberração o Lula poder participar”, avalia.

Luciano diz que Bolsonaro tem tudo para crescer quando a eleição começar, a minimiza as críticas ao deputado, sobretudo o fato de ter aprovado quase nenhum de seus projetos, enquanto deputado.

“Não se aprova projeto só com um voto. É nítido que um cara que tem uma visão diferente do negócio, neste meio não vai prosperar com seus projetos”, argumenta.

PMDB quer se aliar aos tucanos

O PMDB, na eleição presidencial, deve repetir o que fez nas últimas eleições: aliar-se a um grupo com grandes chances de ser o vencedor. Como as relações com o PT estão cortadas, após o partido ter articulado o impeachment de Dilma Rousseff, o PSDB é a menina dos olhos.

Quem afirma isso é o vice-prefeito Ari Vequi, que não vê no partido nenhum nome com densidade eleitoral para disputar na cabeça da chapa.

“O PMDB neste momento não tem um nome, a não ser que haja o crescimento de algum dos ministros”, diz Ari, o qual afirma que nomes ligados ao presidente Temer absorvem sua impopularidade.

“Se ele fizer reformas vai continuar a impopularidade, é muito difícil um presidente que faça reformas ter popularidade”.

Peemedebistas avaliam que qualquer candidato ligado ao presidente Temer absorverá sua impopularidade | Foto: Divulgação

A candidatura encabeçada pelo PSDB é vista por Ari como uma boa aposta, apesar das relações estarem um pouco arranhadas no momento.

Não se descarta, porém, que o partido apoie um nome escolhido entre os partidos do chamado “Centrão”, que apoiaram fielmente o presidente em suas pautas no Congresso.

Se fala em Bolsonaro, em outros nomes, mas que não tem densidade maior, só são candidatos populares, não tem estrutura política-partidária,
estrutura de eleição

Ari Vequi, vice-prefeito de Brusque

O vice-prefeito não considera que outros nomes, além de Lula, tenham capacidade de desafiar a candidatura tucana, ou mesmo a do Centrão.

“Pode acontecer um “zebrão”, mas acho que quem tem a principal oposição ainda é o PT no Brasil, que se [Lula] puder disputar a eleição se tornará um candidato viável”, afirma.

“Se fala em Bolsonaro, em outros nomes, mas que não tem densidade maior, só são candidatos populares, não tem estrutura política-partidária, estrutura de eleição”, conclui.

A reportagem não conseguiu contato com representantes da Rede em Brusque.


Lula lidera em quase todos os cenários,
conforme última pesquisa

A última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, em 26 de junho, pelo jornal Folha de São Paulo, colocou Lula como líder de intenção de voto em quase todos os cenários do primeiro turno da eleição presidencial. Foram oito cenários pesquisados.

Cenário 1 
Lula (PT): 30%
Jair Bolsonaro (PSC): 16%
Marina Silva (Rede): 15%
Alckmin (PSDB): 8%
Ciro Gomes (PDT): 5%
Luciana Genro (PSOL): 2%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Branco/nulo/nenhum: 18%
Não sabe: 2%

Cenário 2 
Lula (PT): 30%
Marina Silva (Rede): 15%
Jair Bolsonaro (PSC): 15%
João Doria (PSDB): 10%
Ciro Gomes (PDT): 6%
Luciana Genro (PSOL): 2%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Branco/nulo/nenhum: 16%
Não sabe: 2%

Cenário 3 
Lula (PT): 30%
Marina Silva (Rede): 15%
Jair Bolsonaro (PSC): 15%
Joaquim Barbosa (sem partido): 11%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Luciana Genro (PSOL): 2%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Branco/nulo/nenhum: 14%
Não sabe: 2%

Cenário 4 
Lula (PT): 29%
Marina Silva (Rede): 15%
Jair Bolsonaro (PSC): 13%
Joaquim Barbosa (sem partido): 10%
João Doria (PSDB): 9%
Luciana Genro (PSOL): 2%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 1%
Branco/nulo/nenhum: 15%
Não sabe: 2%

Cenário 5 (sem PT)
Marina Silva (Rede): 22%
Jair Bolsonaro (PSC): 16%
Joaquim Barbosa (sem partido): 12%
Ciro Gomes (PDT): 9%
Geraldo Alckim (PSDB): 9%
Luciana Genro (PSol): 3%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Branco/nulo/nenhum: 23%
Não sabe: 3%

Cenário 6 (Com Haddad)
Marina Silva (Rede): 22%
Jair Bolsonaro (PSC): 16%
Joaquim Barbosa (sem partido): 13%
Geraldo Alckim (PSDB): 10%
Luciana Genro (PSol): 4%
Fernando Haddad (PT): 3%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Branco/Nulo/Nenhum: 25%
Não sabe: 3%

Cenário 7 
Lula (PT): 29%
Sergio Moro (sem partido): 14%
Marina Silva (Rede): 14%
Jair Bolsonaro (PSC): 13%
Geraldo Alckmin (PSDB): 6%
Luciana Genro (PSOL): 2%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 1%
Branco/Nulo/Nenhum: 15%
Não sabe: 2%

Cenário 8 (Sem alvos da Lava Jato)
Marina Silva (Rede): 27%
Jair Bolsonaro (PSC): 18%
João Doria (PSDB): 14%
Ciro Gomes (PDT): 12%
Branco/Nulo/Nenhum: 26%
Não sabe: 3%

Em relação ao segundo turno, o Datafolha também fez oito projeções.

Cenário 1
Lula: 45%
Alckmin: 32%

Cenário 2
Lula: 45%
Doria: 34%

Cenário 3
Marina: 40%
Lula: 40%

Cenário 4
Lula: 45%
Bolsonaro: 32%

Cenário 5
Marina: 49%
Bolsonaro: 27%

Cenário 6
Alckmin: 34%
Ciro: 31%

Cenário 7
Ciro: 34%
Doria: 32%

Cenário 8
Moro: 44%
Lula: 42%