Mãe brusquense usa redes sociais para compartilhar rotina dos filhos autistas

Guédria Motta utiliza seus perfis no Facebook e Instagram para falar sobre o espectro e auxiliar outras famílias

Mãe brusquense usa redes sociais para compartilhar rotina dos filhos autistas

Guédria Motta utiliza seus perfis no Facebook e Instagram para falar sobre o espectro e auxiliar outras famílias

O autismo chegou à vida da jornalista Guédria Motta em 2015, quando Davi, seu filho mais velho, recebeu o diagnóstico do espectro autista. O menino estava próximo de completar dois anos, quando o turbilhão aportou na vida da família.

Guédria ficou atordoada. Sem muito conhecimento sobre o autismo, ela se perguntou, inúmeras vezes, como seria a vida do filho e, mais ainda, como a família enfrentaria tudo isso.


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“Apesar de ter um afilhado autista, o comportamento dos dois era muito diferente, e eu não conseguia entender que meu filho era autista. Eu não sabia o que era o espectro, muito menos que as pessoas dentro do espectro são diferentes”, diz.

Após o choque inicial, Guédria decidiu agir e foi em busca de conhecimento. Logo ela percebeu que as pessoas sabiam muito pouco sobre essa condição. “Na comunidade, na escola, na própria terapia, quase ninguém sabia sobre o autismo. Eu percebi que precisava aprender antes de querer que a escola saiba, que a terapeuta saiba. Eu precisava saber, enquanto mãe, o que é o autismo”.

A jornalista começou, então, a fazer vários cursos à distância para entender o que é o autismo e como deveria lidar com o filho. Simultaneamente, Davi começou a frequentar a Clínica de Terapia Integrada Uni Duni Tê, da Apae de Brusque, acompanhado de perto pela mãe.

Foi durante as terapias que Guédria começou a perceber que a melhor forma de desenvolvimento do filho era por meio de brincadeiras específicas, mas bastante simples e que poderiam, tranquilamente, ser realizadas em casa, como forma de complementar as terapias e, ainda, acelerar resultados.

“Eu percebi que ele ia na Apae e tinha uma atividade, ia para Blumenau em outra terapia e fazia as mesmas atividades, com os mesmos brinquedos, e eu vi que poderia ter esses materiais na minha casa. Acreditei firmemente que com a terapia eu conseguiria caminhar com ele com um comportamento mais próximo de uma criança típica”, destaca.

Foi aí que Davi começou com uma rotina intensa das mais variadas terapias, não apenas nos consultórios, mas em casa. Guédria começou a trabalhar com o filho todos os dias: de manhã, à tarde e à noite. “Meu marido concordou comigo e Davi ia duas vezes por semana na Uni Duni Tê, uma vez por semana para Blumenau, e os outros dias a terapia é comigo, com os mesmos materiais”, explica.

Em 2016, Guédria teve seu segundo filho, Daniel, que mais tarde também foi diagnosticado dentro do espectro autista. Com o conhecimento adquirido com Davi, a mãe intensificou as atividades em casa com o objetivo de ajudar no desenvolvimento dos dois filhos.

“O autismo me transformou em uma mãe melhor, o meu marido em um pai melhor. O que fazemos são brincadeiras que servem para todo tipo de criança, são jogo criativos que contribuem com a comunicação, coordenação, interação social, que faz bem para toda a criança e fez toda a diferença para o Davi. O fato de o meu filho que era nível 2 de autismo estar agora no nível 1, com seis anos e nunca ter sido medicado, é porque o milagre aconteceu dentro de casa. Aprendi a como trabalhar com eles, não terceirizei isso”, diz.

Conhecimento pelas redes sociais
Com o tempo, a jornalista foi percebendo que ainda há muito desconhecimento sobre o autismo e muitas famílias sofrem por não conseguirem o apoio necessário para o desenvolvimento dos filhos.

Foi aí que ela viu nas redes sociais uma forma de desmistificar o autismo e mostrar a rotina de desenvolvimento dos filhos. “Comecei a escrever sobre o autismo, a contar a história deles e recebi muito retorno das pessoas, não só das conhecidas, mas principalmente de desconhecidas. É difícil o dia que eu não receba alguém me procurando para falar sobre o autismo”.

Primeiro, Guédria começou a usar seu perfil no Facebook para relatar histórias de sua rotina com Davi e Daniel, as peculiaridades e, principalmente, as pequenas conquistas do dia a dia.

No fim do ano passado, ela deu um passo maior. Decidiu usar sua conta no Instagram (@guedibaron) para postar vídeos com as terapias e brincadeiras desenvolvidas com os filhos em casa.

“No ano passado o Davi estava terminando a pré-escola e em 2015 quando eu recebi o diagnóstico dele, tracei uma meta: que tipo de criança eu quero que chegue no primeiro ano e ele é essa criança que eu tinha sonhado. Percebi que todo esse desenvolvimento, esse orgulho, não poderia ficar só em casa, eu tinha que compartilhar”.

Utilizando os stories do Instagram, diariamente Guédria grava vídeos falando sobre o autismo e também mostrando os dois filhos em ação nas terapias que são, na verdade, brincadeiras simples, que estimulam a coordenação motora e a comunicação, por exemplo.

“O meu perfil no Facebook é público e tem mais de duas mil pessoas, no Instagram ainda está devagar, o crescimento é orgânico, aos poucos estou conseguindo atingir as pessoas. Tem uma mãe que é brasileira e mora nos Estados Unidos que tem o filho autista e veio me procurar, conversamos pelo WhatsApp, e assim procuro ajudar as pessoas”, diz.

Guédria ressalta que a partir do momento que decidiu abrir suas redes sociais, percebeu que não estava só atingindo pais de crianças autistas, mas também pais de crianças típicas que acham as propostas de brincadeiras interessantes e também acabam desenvolvendo com seus filhos.

“Recebo muito feedback. As crianças hoje não brincam mais de massinha, quebra-cabeça, brincadeiras que nós tínhamos na infância. E são com essas brincadeiras que ajudo a desenvolver meus filhos”.

A jornalista diz que se transformou em uma mãe melhor depois do autismo e o trabalho desenvolvido nas redes sociais tem ajudado muitas famílias que passam pelo mesmo e se sentem perdidas, principalmente pela falta de conhecimento que gera o preconceito.

“Os meus filhos me ensinam diariamente, me tiram da zona de conforto. O problema está em quem estranha. O preconceito é pura falta de conhecimento e eu quero mostrar que eles podem evoluir, que vão ser bons cidadãos. Estou muito satisfeita por tudo que foi construído e as redes sociais me ajudam nisso, a falar sobre leis, inclusão, descobertas”.

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