Um dia e meio em Milão

Um dia e meio em Milão

Magali Zen

Escolhi falar sobre a viagem de hoje como uma homenagem à nossa última grande viagem e por domingo ser Dia dos Pais. Meu pai foi um parceiro incrível de viagens, que me ensinava demais, me ensinou a ler mapas – antes do GPs – e a ser uma boa co-pilota ao dar instruções.

Instigava-me com perguntas, fazia comentários que me faziam pensar além, e não só apreciar a beleza do lugar. Por exemplo, achei o Coliseu grande, bonito, ok, e ele ficava calculando como os romanos fizeram a obra, como naquela época eles tinham essa engenharia, coisas assim. Então eu já mudava meu olhar sobre o lugar, e passava enxergar mais do que somente beleza, entrava nesse mundo de compreender, entender e até a pesquisar mais sobre, antes de irmos.

Ele me mantinha sempre na linha, comendo comidas saudáveis, e isso me ajudava porque ao invés de pegar um sorvete eu comia uma fruta junto com ele. E tantos outros motivos que sentirei saudades das nossas aventuras pelo mundo, me ajudando a descobrir e aprender novas coisas. Lembranças maravilhosas ficaram guardadas no coração. Obrigada!

Roteiro encantador

Ser referência em história, arte, arquitetura, moda e design e ainda ser o centro financeiro e comercial de um país não é para qualquer um. Vou te levar para um passeio super-rápido – 1 dia e meio – por essa grande cidade: Milão.

Chegamos pelas 15h, então nosso primeiro e único passeio do dia era visitar a Duomo, como os italianos chamam a Catedral. O cartão postal da cidade é parada obrigatória. Em estilo gótico, a maravilhosa catedral levou mais de 400 anos para ser construída e é cheia de detalhes!

Depois de uma volta completa pela parte externa, apreciando cada detalhe, fugindo ou batendo fotos com os pombos – sim tem muitos pombos por ali – entre pela porta principal. Ela é um pouco escura, de pedra, e em algumas paredes há vitrais. Eu amo vitrais, acho que trazem mais vida ao interior das igrejas. Adoro ficar contemplando a luz entrando por eles.

Há muito o que se ver e descobrir, por isso se você gosta de entender mais, alugue um áudio guia. Se você gosta e tem tempo para ir ouvindo, ótimo! Caso não, anote para ver a estátua mais famosa, a de São Bartolomeu dissecado – são mais de 3.400 estátuas, por isso é bom saber as principais. Ela é realmente uma obra de arte, os detalhes são muito reais. O que parece ser o manto que cai pelo seu corpo, é na verdade a sua pele, por isso dissecado.

Outro ponto legal é observar o chão: há uma linha de cobre que corta a catedral da direita para a esquerda, ladeada pelos signos do zodíaco, é a Meridiana. Um calendário solar do final do século 18. Ao lado direito, no teto, é possível ver um furo por onde a luz do sol entra ao meio-dia, marcando no chão o período do ano. Incrível!

Ainda não acabou a visita, para fechar com chave de ouro e ver de perto os detalhes da fachada, suba ao telhado. É lindo demais ver de perto a arquitetura. Ali você conseguirá ver a autentica Madoninha, a estátua da Virgem Maria no topo da Catedral. Se possível suba ao pôr do sol, o passeio fica ainda mais bonito.

Para finalizar nosso dia, aproveitamos a sacada do Terrazza Aperol para um happy hour, com a vista maravilhosa da Duomo. O bar fica logo ao lado, na Galleria Vittorio Emanuelle.

Começamos o segundo dia voltando a Galleria Vittorio Emanuelle, para agora sim conhecê-la por dentro, com todo seu encanto. Uma galeria comercial do século 19, com uma linda abóboda de vidro, e muitos mosaicos – amo – repleto de lojas de moda. Ali você encontrará as grandes grifes italianas e de todo mundo e, claro, por ali não falta o famoso café italiano. O ponto auge da visita é fazer o ritual do touro. Procure no chão o brasão com essa figura. Coloque seu calcanhar direito no lugar demarcado e de três voltas para trazer sorte! Claro que eu fui, né!

Ao final da galeria havia uma exposição de Leonardo da Vinci, que eu super recomendo. O cara era um gênio, ele criou quase tudo que utilizamos hoje. É interativa, ou seja, ela explica como ele construiu as pontes, tanques de guerra, instrumentos musicais, anatomia, e tantas outras coisas. Para tirar meu pai de lá foi difícil, estava encantado, fascinado com a mente de Leo – sim, ele o chamava assim, íntimos.

Seguimos para o Teatro La Scala, a mais famosa casa de Ópera de Milão. Fundada em 1778 e continua na ativa até hoje. Alguns dos maiores músicos do mundo e cantores de ópera passaram por lá, incluindo Pavarotti. Fizemos a visita pelo museu, infelizmente não vimos a sala de shows, pois estava tendo um ensaio.

A próxima atração foi incrível, e nunca imaginei que fosse assim. Fomos ver a famosa pintura – uma das – de Leonardo da Vinci, a Última Ceia. Quando eu pesquisei para comprar o ingresso, dizia ter que comprar com mais de três meses de antecedência, pois é muito concorrido. Eu só consegui comprar pois comprei um tour que a visitação estava inclusa. Ou seja, compre o mais cedo possível os ingressos.

Então vamos lá, porque eu achei tão especial? Pois a pintura foi feita em uma parede, e é enorme. Está pintada na parede do refeitório do convento Santa Maria delle Grazie, e ganhou um lugar na lista do Patrimônio Mundial da Unesco. A visita acontece com hora para entrar na sala e sair, o ambiente é controlado. E o mais legal é que na exibição que havíamos acabado de sair, ficamos vendo um documentário sobre a pintura, assim quando chegamos lá para vê-la, sabíamos de algumas curiosidades, e ficamos observando mais atentos ainda.

Almoçamos o prato típico, ossobuco com risoto milanês, em um restaurante no Parque Sempione. E, claro, o forte café italiano para continuar o passeio. A preguiça depois do almoço bateu mais forte, então ao invés de passear a pé, fomos de “carruagens modernas” pois era puxada por um homem de bicicleta, ótimo passeio depois do almoço. Ali no parque está o Castelo Sforza, que foi sede e residência para a família governante de Milão e agora abriga vários museus. Não o conhecemos por dentro, e sim somente suas muralhas por fora.

E para finalizar nosso passeio curto por Milão, muita emoção no jogo do Milan! Foi demais! Eu amo incluir nos roteiros jogos de futebol, é sempre divertido! E dessa vez vimos um jogão: Milan x Juventus. O jogo foi na casa do time, o estádio San Siro, um dos maiores do mundo, que estava lotado. A vibração nesses jogos nos faz parecer torcedores fanáticos desde pequenos! Saímos mais do que felizes, o time da casa ganhou!

Há ainda muito mais o que fazer por Milão, mas esse foi o nosso roteiro. Tinham outras coisas que eu queria fazer, porém não deu tempo, pois o jogo não estava no planejamento, compramos em cima da hora, assim os locais que iríamos conhecer no restante do dia vão ficar para uma próxima. Mesmo assim, vou listar esses lugares, que dizem que não podem ficar de fora. Já estão no meu roteiro da próxima vez.

  • Pinacoteca de Brera, é a maior coleção de arte da cidade, que vai do século 13 ao século 19. O lugar já foi um conveto Jesuíta, e grandes nomes da arte italiana estão por lá: Caravaggio, Bramantino, Piero della Francesca, Raffaello, Bellini.
  • Comprar, ou somente passear no Quadrilátero da Moda, as ruas são: Corso di Porta Venezia, Via Manzoni, Via Montenapoleone e Via della Spiga. Ali você encontrará mais das lojas chiquíssimas que viu na Galleria Vittorio Emanuelle e muito mais!
  • Bairro Naviglio, a noite mais boêmia da cidade é nesse local. Cheio de bares para happy hour, e suas ruas com muitas histórias para contar.

 

“Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça”

Leonardo da Vinci

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